Entrevista:O Estado inteligente

domingo, maio 25, 2008

CLÓVIS ROSSI Um

SÃO PAULO - A sabedoria popular diz que todo político é ladrão. É uma injustiça? É. É preconceito? É. Mas convenhamos que o mundo político brasileiro não poupa esforços diuturnos para transformar esse preconceito em um conceito aceitável.
Prova-o a repercussão da morte do senador Jefferson Péres. Dos leitores no seu "Painel" a colegas da política, as duas grandes características destacadas na vida do senador foram a firmeza de convicções e a honestidade.
Claro que ambas são qualidades, mas, em algum tempo remoto, foram também -e acima de tudo- obrigações. Obrigações primárias. Para políticos, então, mais ainda.
Deles, como da mulher de César, exigia-se que, além de serem honestos, parecessem honestos. No Brasil contemporâneo (e não tão contemporâneo assim), até políticos honestos não parecem honestos porque a sabedoria popular não consegue acreditar que freirinhas em bordel lá estejam para catequizar as moças.
Tanto é assim que até um político 100% político, como é o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), reconhece: "Pessoas dessa qualidade se tornam cada vez mais raras na vida pública".
De fato, no Congresso Nacional abundam os casos de congressistas que, em vez de biografia, têm folha corrida.
O diabo é que todos eles, assim como todos os demais detentores de mandatos, são eleitos, o que levou o próprio Péres a dizer, da tribuna, durante o episódio do mensalão: "A crise ética não é só da classe política, não, parece que ela atinge grande parte da sociedade brasileira", conforme ajuda-memória do site "Congresso em Foco".
Por isso, afirmava também que abandonaria a política. Quem foi mesmo que disse "pobre do país que precisa de heróis"? Mais pobre ainda é o país que precisa de um político honesto. Um.

crossi@uol.com.br

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