A Fundação Iberê Camargo inaugura em
Porto Alegre um museu dedicado ao pintor
Tela da série Ciclistas: já não precisa de guarda-chuva |
"Meus quadros não têm guarda-chuva", protestou certa vez Iberê Camargo (1914-1994), quando soube que um museu público que abrigava pinturas suas tinha goteiras. Uma parte considerável da obra desse que foi um dos maiores nomes da arte brasileira do século XX agora está definitivamente a salvo das precariedades típicas das instituições culturais brasileiras. Na semana passada, a Fundação Iberê Camargo abriu as portas de sua nova sede, um prédio de 40 milhões de reais que segue os melhores padrões internacionais. Erguido nas proximidades do estuário do Guaíba, em Porto Alegre, o museu de concreto branco conta com nove salas de exposição distribuídas em três pavimentos. No subterrâneo, há uma área de reserva técnica equipada para abrigar as obras que não estão em exposição. O acervo da fundação conta com 216 pinturas a óleo, 329 gravuras e mais de 4.000 desenhos. A mostra que marca a abertura do museu exibe 89 obras, entre peças da própria fundação e empréstimos de outras instituições.
Embora sempre tenha sido avesso a modismos e classificações, o gaúcho Iberê Camargo é considerado o grande nome do expressionismo no Brasil. É conhecido, sobretudo, por três séries – os carretéis, os ciclistas e as idiotas –, todas representadas na mostra do novo museu. A idéia de construir uma sede para abrigar parte da produção do artista surgiu pouco depois de sua morte, por iniciativa, principalmente, da viúva do artista, Maria Camargo, e do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, que foi grande amigo de Iberê e hoje preside a fundação. A sede começou a ser construída em 2003, com projeto do arquiteto português Álvaro Siza, ganhador do Prêmio Pritzker – a maior distinção internacional da arquitetura – de 1992. "Pelo espaço central do museu, o visitante tem uma visão não só do piso onde está, mas também dos outros pisos. Isso permite uma visão dinâmica, viva, mas sempre centrada na obra de Iberê", diz Siza. No futuro, o museu vai abrigar mostras de outros artistas. A primeira exposição, porém, é integralmente dedicada a Iberê. "Em vez de apresentarmos as obras em ordem cronológica, buscamos inter-relacionar os diversos espaços, para aproveitar todo o potencial do prédio", explica Mônica Zielinsky, uma das curadoras.
Jefferson Bernardes/Prewiew.com |
Fundação Iberê Camargo: projeto do premiado arquiteto português Álvaro Siza |