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O amazonense Jefferson Péres: o seu norte era o ético |
O físico franzino contrastava com as causas que Jefferson Péres advogava no Senado Federal. O parlamentar amazonense foi um defensor intransigente da ética. Em 1999, deixou o PSDB, pelo qual se elegera cinco anos antes, entre outras coisas, por discordar dos expedientes usados por tucanos para aprovar a emenda que instituiu a reeleição. Uma vez no PDT, cobrou que o deputado Paulo Pereira da Silva, seu correligionário, se afastasse das funções partidárias enquanto se investigava a sua participação no desvio de verbas públicas federais. O seu compromisso era com a transparência. Péres defendeu a tese de que os envolvidos em escândalos de corrupção, como o mensalão, deveriam ser afastados de seus cargos até que conseguissem provar inocência. Insistiu para que Renan Calheiros deixasse a presidência do Senado enquanto se apuravam as denúncias de que suas despesas pessoais eram pagas por uma empreiteira. Em 2006, a crise ética que contamina a política nacional o fez desistir da vida pública. Naquele ano, anunciou que se aposentaria ao fim do mandato, em 2011. "Vou cumprir rigorosamente o meu dever neste Senado até o último dia de mandato, mas para cá não quero mais voltar, não", disse, para uma platéia de senadores constrangidos. Advogado e professor, ele havia assumido seu primeiro mandato dezoito anos antes. Elegeu-se duas vezes vereador em Manaus e duas vezes senador. Aos 76 anos, caminhava todas as manhãs, não bebia, não comia carne vermelha e não tinha histórico de doenças cardíacas, mas sucumbiu a um infarto. Morreu nos braços de sua mulher, logo depois de acordar. Com o desaparecimento do franzino Péres, o Senado perdeu um grande homem.