O Estado de S. Paulo |
23/5/2008 |
Mais uma descoberta de petróleo na Bacia de Santos. Foi o que anunciou a Petrobrás quarta-feira. Na área já foram encontrados entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris (de 159 litros) em Tupi; volume equivalente a esse também em Júpiter; e Carioca e Pão-de-açúcar têm pelo menos 33 bilhões de barris, garantiu o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima (o que a Petrobrás ainda não confirma). Agora, é Bem-te-vi e ainda há Caramba e Parati, além de áreas adjacentes não licitadas. O presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, entende que é preciso definir novas regras, uma vez que as jazidas pré-sal (entre 6 mil e 7 mil metros de profundidade) já não oferecem grande risco para as empresas que se propuserem a descobrir (e produzir) nessas áreas. Mas, antes de mudar as regras, há uma pergunta que precisa de resposta. O que, afinal, queremos: apenas a auto-suficiência, para deixar parte dessa riqueza também para as gerações futuras; ou queremos ser grandes exportadores? Como o petróleo é nosso, a escolha é nossa. Quando brinca que o Brasil entrará na Opep, o presidente Lula parece aceitar a idéia de que o País se torne importante exportador. E esta parece, de fato, ser a melhor proposta. No século 19, muitos dirigentes europeus devem também ter opinado que devessem ser apenas auto-suficientes em carvão mineral para que as gerações futuras pudessem desfrutar da riqueza. Mas nas décadas seguintes apareceram outras fontes de energia. Assim, o mesmo carvão jaz onde sempre esteve, na condição de riqueza morta, sem que as gerações seguintes a ele tenham tirado algum proveito. Se for deixado debaixo da camada de sal para nossos netos e bisnetos, o petróleo brasileiro poderá ter o mesmo destino desse carvão. Outras fontes de energia poderão ser desenvolvidas nos próximos anos e tomar o lugar hoje ocupado pelo petróleo. Mas essa talvez não seja a razão mais importante a empurrar o País para as exportações. É fácil entender que, à medida que aumentar a escassez, também aumentarão o assédio às reservas e as pressões para que as jazidas sejam partilhadas. É provável que a eventual disposição de mantê-las intocadas seja interpretada como atitude de pouco-caso em relação às necessidades do resto do mundo e, nessas condições, o Brasil ficaria vulnerável a novas interpretações que viessem a ser dadas sobre a função da soberania nacional em águas territoriais. Além disso, a exploração dessa enorme riqueza poderá financiar o desenvolvimento do País e ajudar a resolver graves problemas fiscais, como o da cobertura às aposentadorias. A Noruega, por exemplo, está usando a maior parte das suas receitas com exportação de seu petróleo para prover reservas ao seu sistema previdenciário. É claro que, uma vez tomada a decisão de fazer do País um grande exportador, problemas novos terão de ser equacionados. Um deles será o que fazer para evitar que crescentes receitas com exportação valorizem excessivamente a moeda nacional e inviabilizem o sistema produtivo local. Mas isso tem solução e o Brasil tem pressa.
Tombo - Os preços do petróleo caíram ontem 1,7% em Nova York, para US$ 130,94 por barril de 159 litros. Enquanto isso, os analistas travam um cabo-de-guerra para a definição de tendências depois que o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, declarou que “o atual rali dos preços está sendo conduzido pelo jogo dos investidores; nada tem a ver com escassez da oferta”. O Goldman Sachs continua apostando em disparada para os níveis dos |
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