Mas há vida?
A sonda Phoenix Mars Lander pousou em Marte
há uma semana. Sua missão principal: encontrar
sinais de vida no planeta vermelho
Nunca se chegou tão perto da resposta a uma das mais intrigantes questões sobre o sistema solar – se existe vida fora da Terra. Na semana passada, a sonda Phoenix Mars Lander pousou em Marte com a missão principal de investigar se a vida é possível naquele planeta gelado, menor que a Terra e sem água na superfície. Outras sondas americanas que estiveram em solo marciano ocuparam-se basicamente de fotografar e mapear a região. A Phoenix irá além. Nos próximos três meses, o artefato da Nasa, a agência espacial americana, recolherá e analisará amostras do gelo existente no subsolo do planeta. O trabalho de coleta será feito por meio de um braço robótico, operado remotamente da Terra, com 2,35 metros de comprimento e capacidade de escavar até meio metro de profundidade. As propriedades químicas do material recolhido serão então estudadas em dois laboratórios espaciais no interior da sonda, equipados com microscópios e analisadores químicos.
Já se sabe que Marte contém água na forma de gelo. O objetivo dos estudos da Phoenix é descobrir se, presas no solo congelado do planeta, há informações – como material orgânico ou características químicas específicas – que possam ter sustentado alguma forma de vida. Como a resposta está no gelo, a sonda pousou dentro do círculo ártico de Marte, a algumas centenas de quilômetros do pólo norte. É sabido que nessa região a camada congelada está localizada a poucos centímetros da superfície. A Phoenix foi lançada em agosto do ano passado e percorreu 680 milhões de quilômetros até entrar em órbita marciana. A grande preocupação era justamente a entrada da sonda na atmosfera de Marte, o momento mais perigoso da missão (veja os detalhes no gráfico). Apenas cinco das treze missões anteriores haviam pousado com sucesso no planeta vermelho. O nome da sonda é uma alusão à lenda da fênix, ave que renasce das próprias cinzas. A Phoenix foi montada a partir de peças e instrumentos científicos remanescentes de duas missões espaciais malsucedidas, a Mars Polar Lander e a Mars Surveyor. Em razão de utilizar material já existente, o projeto da Nasa, em parceria com a Universidade do Arizona, é considerado de baixo custo. Saiu por 557 milhões de dólares. Uma bagatela, para os padrões bilionários das missões espaciais.