por Adriana Vandoni
O ano novo começa com novos impostos e surpresas que só as festas de fim de ano podem causar. É o caso da entrevista do ex-ministro José Dirceu à revista Piauí, onde ele tem surtos de sinceridade, talvez embalado por alguns interesses não atendidos, já que agora é consultor de quinze empresas, a maioria estrangeira, como diz, de onde recebe de 20 a 30 mil reais mensais de cada uma pelo seu trabalho. Por baixo, então, 300 mil reais mensais para trabalhar como "consultor".
Sua consultoria, dirão alguns petecopatas, deve-se ao fato de trabalhar para o bem do povo brasileiro. Recebe essa bolada pelo seu trabalho de combater esta nossa elite neo-liberal, de certo!, pensarão os petecopatas débeis.
E ainda veremos alguns desses bitolados boçais do petismo chamando os não-petistas de burgueses! Mas repare a entrevista e o inusitado surto do ex-chefe da turma de Lula, que dirigia o país no primeiro mandato.
Ele fala dos petistas que não faziam parte do "campo majoritário": "Esse pessoal é assim.
Chegava para o Delúbio e falava: 'Delúbio, preciso de 1 milhão'. Como é que alguém vai arrumar esse dinheiro assim, de uma hora para outra?", disse, referindo-se ao ex-tesoureiro do partido sob a acusação de ter montado o esquema irregular de financiamento de campanha. "Aí, quando não recebiam o dinheiro, diziam que estavam sendo preteridos porque eram de uma outra corrente, de uma outra ala, que a direção era autoritária.
O pobre do Delúbio tinha que ir aos empresários conseguir doações. Aí, estoura o mensalão e esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. O que não dizem é que a mala era para eles".
Não custa lembrar que o escândalo do Mensalão e financiamento ilegal de campanha é referente principalmente à eleição de 2003 para prefeitos e vereadores.
Segundo Dirceu, existiu realmente malas, e disso o atual deputado estadual do PT em Mato Grosso e vice-líder do governo de MT na Assembléia, Alexandre César (suplente assumiu o cargo quando o Deputado Ságuas assumiu a pasta da Educação no estado), deve se lembrar.
Ele foi acusado pelo Ministério Público de ter usado caixa 2 na sua campanha para prefeito em 2003. Alexandre faz parte da corrente de Zé Dirceu e Delúbio, o antigo Campo Majoritário.
Um integrante do PFL, hoje DEM, que apoiou o petista no segundo turno daquela campanha, me confidenciou, algum tempo depois, que nunca tinha visto tantas camisetas e "estrutura" como na reta final do segundo turno daquela eleição. Caixa 2, cuecas e malas de dinheiro parecem coisas normais no PT.
Segundo Dirceu, a sede do partido em Porto Alegre "foi feita só com dinheiro de caixa dois. Era com mala de dinheiro". Ô raça!!!
Bem, o ano que se inicia é de eleição, teremos o PT e seus petecopatas provavelmente lançando o deputado federal Carlos Abicalil (PT/MT) para prefeito de Cuiabá.
É merecido, já que ele foi um fiel defensor dos mensaleiros no Congresso. Além do mais, como disse o atual prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB) em um discurso, Abicalil, de tão extremamente competente deveria ser o Ministro da Educação, recomendando seu nome a Lula.
Wilson deve saber do que fala, afinal, não acredito que ele tenha o costume de sair por aí ocupando seu tempo pra dizer abobrices. Se fosse por suas palavras, e principalmente pela ênfase como foram ditas, até votaria no petista defensor de mensaleiros, mas, apesar da opinião do prefeito Wilson, pra mim Abicalil é uma batota.
Sua postura e intenção soam-me pra lá de duvidosas. Um exemplo, e não me canso de repetir, é o caso do seu avião, que tragicamente caiu. Por mais que nosso nobre deputado, salve-salve Abicalil, tenha tentado se explicar, não cabe na minha cabeça que um professor do ensino básico tenha com tanta rapidez conseguido adquirir uma aeronave.
Era poupança ou conta-poupança? Sim porque, conta-poupança, deputado, não é o mesmo que poupança, e suas explicações ainda não foram suficientes. De mais a mais, sua proximidade com Delúbios, Dirceus e o aloprado carregador de mala Valdebram Padilha, exigem uma explicação mais aprofundada da origem do recurso.
Sei que é chato, mas representantes do povo devem explicações ao povo e eu como sou do povo, quero saber mais. O que me tranqüiliza é que durante a campanha deste ano o deputado terá tempo suficiente para isso.
Entrevista:O Estado inteligente
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