O Globo |
22/1/2008 |
Oministro de Assuntos Estratégicos não é o primeiro da família a fazer política no Brasil. Otávio Mangabeira, seu avô, foi um bravo udenista, adversário ferrenho do Estado Novo. Esse remoto Mangabeira teve a biografia manchada por um acidente diabólico. Ele cumprimentava o general e futuro presidente Eisenhower, que visitava o Brasil, e o ângulo infeliz de uma foto criou a impressão de que o senador baiano beijava a mão do militar americano. A esquerda nunca mais largou o pé do bravo e inocente Mangabeira. O neto até hoje não foi vítima de um azar desses. Entre outros motivos, talvez, porque ele mais morde do que beija ou parece beijar. Embora não pareça ter dificuldade em se aliar a quem já atacou com fúria. Quando Unger esboçou uma tentativa de candidatura a presidente, na última eleição, definiu PT e PSDB como "a encarnação do atraso". Entre outras diatribes, acusou Lula de fazer discursos "chorosos", mas sem sucesso, "porque nada vem para os agachados". Não demorou muito para que o próprio Unger se agachasse o quanto foi preciso para ser ministro. Depois de desistir provisoriamente de ser presidente da República, decidiu que a coerência com suas próprias idéias recomendava que fizesse carreira no PRB, partido do vice-presidente José Alencar e do senador/pastor Crivela. Deu certo: logo foi escolhido para titular da Secretaria de Assuntos Especiais de Longo Prazo. Infelizmente, a pasta foi derrubada por artes e intrigas do PMDB, e ele acabou ministro de Assuntos Estratégicos. A área parece ser a mesma, mas por alguma razão o novo cargo é considerado menos importante. O que parece ter acalmado os peemedebistas, enquanto Alencar e Crivela se consideraram suficientemente contemplados. E Unger ganhou o que desejava: um palanque do qual defende projetos de prazo suficientemente longo para que ninguém cobre qualquer providência para implementá-los. Sequer precisam ser levados a sério. Exatamente por isso, é perda de tempo discutir validade ou pertinência das recentes propostas de Unger para a Amazônia. Como o aqueduto para levar água da hiléia para o Nordeste. Ou a "utilização rotativa" das árvores da região. São "projetos estratégicos", também chamados de "planos de longo prazo" - rótulos usados no idioma politiquês para designar tudo e qualquer coisa que vai da boca dos políticos para as manchetes dos jornais e daí diretamente para o túmulo, numa gaveta qualquer. Com sinal trocado, há alguma semelhança com o que aconteceu ao avô do ministro. Pareceu que ele beijara a mão do general, e disso se fez grande alarde sem razão. Agora, o neto cria a impressão de que está agindo concretamente como ministro, e isso provoca repercussão na mídia e debate por pessoas sérias. Não vale a pena: é mais uma ilusão |
Entrevista:O Estado inteligente
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