Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, janeiro 22, 2008

Outro alerta



EDITORIAL
O Globo
22/1/2008

Assim que se firmaram os sinais de esvaziamento da bolha imobiliária americana, inflada em boa parte no início da década, quando o Fed manteve os juros em 1% ao ano, discute-se se o mundo sentirá como no passado os efeitos de uma recessão nos Estados Unidos. A questão era, e é, se as economias emergentes, com destaque para a China e a Índia, campeões imbatíveis em velocidade de crescimento, o Japão e a Europa terão condições de contrabalançar a perda de fôlego da maior economia do planeta.

A queda das bolsas, ontem, em todos os continentes, serve de alerta a quem considera o "descasamento" entre os Estados Unidos em marcha lenta ou a ré e as demais economias em expansão capaz de dar uma certa tranqüilidade caso de fato o país entre em recessão. Como a inadimplência dos tomadores de empréstimos imobiliários acendeu o rastilho de uma crise de crédito de dimensões ainda não conhecidas - e muito por causa da imprudência do sistema financeiro na concessão dos créditos e na alavancagem irresponsável em operações subseqüentes -, o governo Bush e o Congresso se lançam ao trabalho de formular um pacote de medidas tributárias de caráter anti-recessivo. Ou seja, impostos menores, mais dinheiro na mão das pessoas.

O sismo de ontem se deveu à reação negativa dos mercados às linhas gerais do pacote anunciadas na sexta-feira pelo presidente Bush, amplificada por rumores sobre bancos na Europa e na Ásia. Achou-se pouco a injeção a curto prazo de cerca de US$145 bilhões na economia americana. E assim na Europa houve baixas que superaram as do fatídico 11 de Setembro de 2001: queda de 5,48% em Londres, 7,16% em Frankfurt e 6,83% em Paris. Antes, a Ásia já havia sucumbido: Tóquio, Hong Kong, Xangai e Seul tiveram baixas entre 2,95% e 5,49%. Menos que a bolsa da Índia, onde, em Bombaim, as ações desabaram, na média, 7,41%. No Brasil, a queda foi de mais de 6%. As atenções se voltam para a reabertura hoje do mercado americano, fechado ontem por um feriado nacional. Este ano, antes do pregão de hoje, a Bolsa de Nova York e a Nasdaq já haviam retrocedido 8,79% e 11,77%, respectivamente.

Os próximos dez dias serão movimentados. Nesta semana, saem dados sobre a venda de imóveis e o mercado de trabalho nos Estados Unidos, dois dos termômetros do nível de atividade. E nos dias 29 e 30, o Copom de lá se reúne para fixar os novos juros básicos. Já se aposta num corte de 0,75 ponto. O dia de ontem mostrou que não se deve mesmo menosprezar o que se passa nos EUA.

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