Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Uma tendência



EDITORIAL
Folha de S. Paulo
30/1/2008

O NOVO "Mapa da violência dos municípios brasileiros - 2008", elaborado pelo sociólogo Julio Waiselfisz com base em dados oficiais e divulgado ontem, confirma uma boa notícia em relação aos homicídios.
O total nacional de mortes violentas (intencionais ou não, excluídos os acidentes de trânsito), que crescia ano a ano até atingir 51.043 em 2003, registrou a primeira queda em 2004, quando se notificaram 48.374 óbitos. Agora, com a inclusão dos dados de 2005 (47.578 mortes) e 2006 (46.660), constata-se que estamos diante de uma tendência, e não de mera variação episódica.
O fenômeno já havia sido observado em municípios populosos, como o Rio e, principalmente, São Paulo, que conseguiu expressiva redução dos óbitos. De 2002 a 2006, a queda foi de 54%. Hoje, a capital paulista ostenta um índice de 23,7 homicídios por 100 mil habitantes, menor que a média nacional de 25,7 por 100 mil e distante das capitais mais violentas, como Recife (90,9 por 100 mil) ou Maceió (104).
As hipóteses para explicar a redução são muitas e de várias ordens. Incluem desde fatores econômicos, como a recuperação do emprego e a melhora da renda, até variáveis demográficas -o envelhecimento populacional e mudanças nos fluxos migratórios-, passando por elementos episódicos, a exemplo da campanha pelo desarmamento.
No caso específico paulistano, há que incluir os investimentos em segurança pública, que levaram a um número inédito de detenções e condenações, afastando criminosos da sociedade.
Uma visão global do "Mapa" indica que a violência tende a concentrar-se em municípios com perfis específicos. Entre as 556 cidades mais violentas do país -que registraram 73,3% dos homicídios de 2006- predominam áreas de fronteira, de desmatamento, turísticas e em desenvolvimento, além de regiões de conflito de terra.
De posse desse mapa, as autoridades precisam traçar planos coerentes de combate à violência. Em São Paulo, a abordagem racional orientada por estatísticas produziu resultados.

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