O Estado de S. Paulo |
25/1/2008 |
Toda grande crise põe em movimento os reguladores, aqueles que defendem a colocação de trancas a cada porta arrombada. Os escândalos da Enron e da WorldCom (2001/02), por exemplo, expuseram enormes fraudes contábeis que desembocaram nos Estados Unidos na Lei Sarbannes-Oxley, que impôs regras draconianas às empresas. Agora cresce a pressão para que sejam impostas restrições ao mercado financeiro e que seja nomeado uma espécie de superxerife para patrulhá-lo. Há propostas para disciplinar fundos de hedge, fundos de private equity (que compram participação em negócios) e fundos soberanos. O superespeculador George Soros, que em 1992 conseguiu colocar em corner o Banco da Inglaterra (banco central inglês), é um dos que hoje pedem controles. Iniciativas assim dificilmente dão certo. A própria Lei Sarbannes-Oxley está sendo questionada nos Estados Unidos tanto por não ter conseguido evitar as tramóias contábeis como, também, por ter engessado a administração das grandes empresas americanas e tirado competitividade diante de corporações estrangeiras que não estão submetidas a esses rigores. Ficou claro, desta vez, que os bancos centrais não estão em condições de fiscalizar e exercer supervisão sobre os grandes bancos, até porque a mesma instituição financeira opera no mundo inteiro, 24 horas por dia, e os bancos centrais só têm jurisdição dentro das suas fronteiras nacionais. Às vezes, nem nacionais são. Nos Estados Unidos, certas funções de supervisão bancária são exercidas por instituições que atuam em âmbitos estaduais. Os próprios bancos nem sempre conseguem controlar seus sistemas operacionais. Em 1995 o mais tradicional banco inglês até então, o Barings, quebrou porque apenas um funcionário, Nick Leeson, que operava numa agência de Cingapura, deu um desfalque de cerca de US$ 1,4 bilhão. Ontem, o Société Générale de Paris, segundo maior banco da França, admitiu que também um único funcionário, Jérôme Kerviel, provocou um rombo recorde de US$ 7,2 bilhões. Se os bancos centrais não controlam nem seu próprio terreiro, como acaba de ser demonstrado, não seria uma instituição global que conseguiria eliminar o problema apenas porque detivesse amplos poderes. Antes de criar novas trancas é preciso garantir que as atuais funcionem. Outro movimento, de qualidade diferente, é a pressão para que o Fundo Monetário Internacional se encarregue de xeretar a atividade dos fundos soberanos e de impor-lhes procedimentos. Aí estamos diante de puro protecionismo. Eles detêm um patrimônio consolidado de US$ 3 trilhões que em cinco anos terá triplicado. A alegação de políticos e empresários dos Estados Unidos e da Europa para justificar a imposição de ferrolhos na atividade dos fundos é a de que não se pode admitir que empresas estratégicas caiam nas mãos de estrangeiros potencialmente hostis. Agora se viu que esses fundos estão comprando participações nos bancos americanos não para transformá-las em armas terroristas, mas para resolver problemas. Aceitar pressões desse tipo é impedir a ascensão dos países emergentes aos centros de poder econômico e político. Confira Podem agora comprar temporariamente hipotecas de até US$ 625 mil ou US$ 417 mil acima do teto. Quer dizer, começa a haver tomador para hipotecas até agora largadas no mercado. É improvável que essa decisão seja uma solução final. Mas pode produzir algum alívio. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, janeiro 25, 2008
Celso Ming - Tranca na porta arrombada
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