Com mais privacidade, o Facebook, um novo site
de relacionamento, conquista famosos e anônimos
Silvia Rogar
Paul Sakuma/AP |
Zuckerberg, o criador: oferta de 1 bilhão de dólares |
Os sites de relacionamento da internet permitem trocar mensagens, cultivar amizades, debater assuntos prediletos, paquerar – e também bisbilhotar a vida alheia. Para muitas pessoas, esse é o seu calcanhar-de-aquiles: a excessiva exposição que os sites ocasionam supera, de maneira negativa, os seus atrativos. Com base nessa constatação, um novo endereço eletrônico, o Facebook, incrementou a privacidade oferecida aos usuários, e a resposta foi rápida. O site ainda está longe do MySpace, que ostenta 70 milhões de usuários ao redor do mundo, ou do Orkut, com seus 50 milhões (55% dos quais brasileiros). Mas, a cada dia, 150.000 pessoas se cadastram. Já são 33 milhões de integrantes, entre os quais celebridades e figuras públicas, como os atores Orlando Bloom e Sienna Miller ou o pré-candidato democrata ao governo dos EUA, Barack Obama. O que lhes agrada no Facebook é a possibilidade de definir quem pode esquadrinhar o seu perfil – e como.
O Facebook (que ainda não tem versão em português) abriu-se gradualmente ao público, o que o tornou uma espécie de objeto de desejo digital. Mark Zuckerberg, então aluno da Universidade Harvard, lançou o site em 2004. A intenção era criar uma versão on-line e mais moderna dos tradicionais álbuns de turmas dos estudantes americanos, com fotos e informações sobre cada um. Depois de receber a adesão em massa dos colegas de Harvard, ele estendeu o acesso a outras universidades e colégios, mas manteve uma curiosa restrição: os adultos eram protocolarmente barrados. Em setembro passado, o site se abriu de vez e passou a aceitar todos os públicos. Não é necessário receber convite para fazer parte do Facebook, como ocorria no início do Orkut. Mas só se pode acessar o perfil de um participante se ele já estiver incorporado à sua rede de amigos. E, ainda assim, há mecanismos que limitam o acesso a fotos e a listas de contatos, por exemplo. As páginas de menores de 18 anos não são visitadas por maiores de idade, a não ser que as duas partes concordem mutuamente em se adicionar. Tudo em nome de uma existência longe dos bisbilhoteiros. "O Facebook faz sucesso porque, com suas exigências, preserva certa atmosfera de clube exclusivo", diz o economista e pesquisador da Universidade da Carolina do Norte Fred Stutzman, estudioso do fenômeno dos sites de relacionamento.
Se espionar os passos dos desconhecidos no Facebook é praticamente impossível, a vida dos amigos se torna um livro aberto. Os participantes recebem informes de cada um de seus contatos. Coisas como "X agora é amigo de Y", "Z acaba de voltar de férias na Grécia", "W está de dieta". É possível incluir seleções musicais, vídeos, calendários, mapas, horóscopo e fazer compras. Além de estenderem ao máximo o tempo de permanência de cada pessoa no site, essas ferramentas incrementam a sensação de pertencer a uma comunidade, na medida em que gente conhecida e de confiança dá sua chancela a determinados comportamentos e novidades. Para Mark Zuckerberg, fomentar esse espírito representa outra grande sacada da sua criação. Zuckerberg, por sinal, tem tudo para se transformar no próximo bilionário do Vale do Silício, na Califórnia. Em 2005, o MySpace foi arrematado por 580 milhões de dólares pelo magnata das comunicações Rupert Murdoch. Aos 23 anos, o criador do Facebook já rejeitou ofertas de 1 bilhão de dólares feitas por pesos-pesados da internet.
ELES ADERIRAM
Phil McCarten/Reuters | Jack Dempsey/AP | Issei Kato/Reuters |
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