Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 18, 2007

Loyola: BCs foram criados para controlar crises


Sonia Racy


A importância de se ter um BC confiável e independente foi mais uma vez demonstrada ontem, com a atuação do Fed, que, no lugar de cortar a taxa dos fed funds (hoje em 5,25%) para amainar a crise financeira mundial, optou por uma medida mais suave, cortando a taxa de redesconto cobrada nos empréstimos que concede às instituições financeiras. E alongou o prazo para a devolução dos recursos de 1 para 30 dias - com possibilidade de este prazo ser renovado. "Os bancos centrais surgiram para controlar crises financeiras. O Fed, por exemplo, nasceu depois de uma crise nos EUA, quando os redescontos eram dados pelos grandes bancos, que analisavam os empréstimos caso a caso a seu bel-prazer", lembra o ex-BC Gustavo Loyola, ressaltando que a criação do Fed não veio por pressão do setor financeiro e sim do setor produtivo. "A falta de liquidez atrapalhava a atividade econômica." Portanto, as ilações de que um afrouxamento da política monetária reforça o famigerado moral hazard é relativa. "Eu já enfrentei uma crise financeira no Brasil e sei que não há como deixar o mercado se virar simplesmente, sem conseqüências gravíssimas", diz, referindo-se ao Proer.

Loyola lembra que o Japão relutou em sanear o sistema financeiro quando a bolha imobiliária por lá estourou. O que aconteceu? "Deixaram o sistema financeiro em frangalhos, sem condições de dar crédito, e o país parou de crescer. Nem o fato de o BC japonês, ciente do problema, ter chegado a zerar a taxa de juros motivou a economia local, cuja tradição é grande na área de poupança."

A ação do Fed ontem, na opinião de Loyola, foi corretíssima e sinalizou duas coisas para os mercados: que o Banco Central americano acha que a crise é suficientemente grave para ele agir e que está sim monitorando na sintonia fina a situação. Além disso, no comunicado, aparece uma alteração importante que abre portas para mudanças na política monetária. Onde se lia, no comunicado anterior, que "a economia parece que vai continuar expandindo a taxa moderada nos próximos trimestres", lê-se agora que "a economia continua se expandindo a passo moderado, mas o Fomc julga que o risco de ?downsizing? aumentou consideravelmente".

IMPRESSÃO DIGITAL

Na sexta edição do Congresso da Abag , marcado para os dias 27 e 28, seu presidente, Carlo Lovatelli, vai centrar as discussões na questão do momento: o meio ambiente. "Hoje, toda empresa quer mostrar que tem responsabilidade, que está montando um conjunto de atitudes construtivas e fazendo coisas para garantir um mundo melhor para seus netos e bisnetos. Posso dizer que hoje dedico a metade do meu tempo à questão ambiental", aponta.

Esse novo cenário traz à tona parcerias até pouco tempo inimagináveis, como as ações conjuntas que o setor tem feito com o Greenpeace, a exemplo da Moratória da Soja. Lovatelli vai virar "ongueiro"?

NA FRENTE

OS SEM-BOLHA


Para João Claudio Robusti, do Sinduscon-SP, o mercado imobiliário brasileiro vai muito bem, obrigado. Mas ainda não se pode dizer que vivemos um boom.

"Os créditos imobiliários no País correspondem a apenas 2% do PIB. Muito longe dos 11% do PIB do México, dos 17% no Chile e dos 69% nos EUA."

SOB RODAS

De janeiro a julho, o custo de vida no País subiu 1,74% pelo IGPM.

Já andar e manter um carro ficou 2,36% mais caro, segundo o Índice de Manutenção do Carro da Agência AutoInforme.

TERRA E AR

As turbulências financeiras não assustaram o Lord Mayor da City de Londres, Sir John Stuttard, que manteve sua agenda de visitas no Brasil. Chega na terça-feira para um tour de dez dias e quatro escalas - São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Rio Grande do Sul.

Se o Apagão Aéreo deixar...

CAMPANHA VERDE

Estréia domingo a nova campanha da Vale do Rio Doce, O Brasil que Vale.

Vai mostrar o que a empresa faz na área de Desenvolvimento Sustentável.

MAIS POLITIZAÇÃO?

Para substituir Rene Garcia na Susep - ele entregou sua carta de demissão ao ministro Guido Mantega esta semana -, circula o nome do presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros, Armando Virgílio dos Santos, do PTB.

Nome este que surgiu em 2005, por meio de Roberto Jefferson, seu amigo pessoal.

DOCE

Estão em curso duas auditorias em usinas do interior de São Paulo, feitas pelo escritório Miguel Neto Advogados. Objetivo: venda para um grupo indiano.

Um negócio de US$ 2 bilhões.

POSIÇÃO

Durante encontro na Eletros esta semana, a ex-ministra Dorothéa Werneck, que hoje reside no Uruguai, externou sua angústia: o foco do País no curto prazo e no controle da inflação, sem um modelo de desenvolvimento, está colocando o Brasil em uma situação extremamente desvantajosa na América Latina.

100%?

Nos EUA, os contratos dos fed funds futuros de outubro estão embutindo 100% de chance de o Fomc reduzir os juros básicos americanos de 5,25% para 5%.

BRASILEIRO

Marcos Scaldelai, da General Mills, anunciou esta semana, em fórum em Curitiba, que a Häagen-Dazs começa a produzir em 2009 o primeiro sorvete brasileiro com a marca. Sabor? Açaí.

CURTAS

A vida de Rodrigo Rato, do FMI, não é nada fácil. Na segunda-feira, ele dormirá em Maputo, na terça, em São Paulo, na quarta, em Campos do Jordão, na quinta, em Santiago, e, na sexta, em Washington.

De janeiro a junho, a Brasil Ecodiesel produziu mais de 70% do biodiesel feito no Brasil. E, agora, negocia com a Noble Resoucers fornecimento para o mercado europeu.

A "versão emergente" de Davos do World Economic Forum, na China, já conta com 1.500 confirmados. Entre eles, 20 brasileiros.

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