O ministro Mantega deveria admitir que há em curso no país um processo de reestatização de setores estratégicos
U-LÁ-LÁ! Em seu comentário de ontem na rádio BandNews FM, o economista, ex-ministro e ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, pegou pesado e afirmou com todas as letras que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, é ignorante sobre a crise financeira que atingiu em cheio os EUA e, por conseqüência, o mundo.
Disse ele ainda que essa história de que a crise não vai afetar o Brasil é balela e que o ministro Mantega, seu ex-aluno, deveria falar a verdade e dizer que, depois de um longo período de bonança, o mundo entrou em uma fase de instabilidade econômica e que todos os países serão, sim, afetados, mesmo que o Brasil esteja mais blindado do que nas crises anteriores, por ter acumulado reservas no valor de US$ 159,66 bilhões.
Pois eu já acho que o ministro deveria falar a verdade também sobre o processo de reestatização de setores estratégicos atualmente em curso no país. Veja só, meu ilustríssimo leitor: na semana passada, a Petrobras assumiu o controle da Suzano Petroquímica, deixando industriais do setor de cabelo em pé. Foi estabelecido também que a primeira das novas usinas que serão construídas no rio Madeira terá apenas 20% de participação privada, o resto fica nas mãos da Eletrobrás. E o ministro das Comunicações, Hélio Costa, aquele que não vai com a cara da Anatel e prefere que o governo controle as tarifas, pretende criar uma grande operadora nacional de telefonia, dando ao governo o poder de interferir nas decisões da companhia. Isso, sem contar a tendência, que ocorre desde os tempos em que José Dirceu dava as cartas no Planalto, de contratar sistematicamente funcionários públicos sem concurso para tudo o que é canto.
Segundo o ministro Mantega, a compra da Suzano é "um negócio como outro qualquer", mas não é isso que dizem os industriais, que percebem uma clara tendência estatizante por parte da Petrobras. Disse ele também que a fusão das telefônicas é um negócio privado e que o governo pensa apenas em criar uma empresa sob controle nacional. Sei, sei, agora conta aquela do papagaio.
Quanto à usina sobre o rio Madeira ser quase inteiramente controlada pelo Estado, Mantega afirma que esse é um desejo dos investidores particulares. Será? Nunca vi investidor querer ser sócio minoritário do governo, mas tudo é possível.
E as contratações ilimitadas de funcionários públicos? Bem, essas, de acordo com auxiliares do presidente Lula, são todas absolutamente necessárias. E eu, burralda, que pensava que, para ser mais ágil e eficiente, o governo deveria enxugar a máquina em vez de aumentá-la? Devo ter uma rosquinha no lugar do cérebro, tal e qual o Homer J. Simpson, não é mesmo?
Por falar em Homer J. Simpson (o jota é de Jay, que também quer dizer jota em inglês), velho amigo de FHC, a quem até desafiou para uma luta, não vá assistir a "Os Simpsons, o Filme" achando que você verá algo de extraordinário, que nunca foi mostrado no seriado da TV. Como diz o Homer, bem no começo do filme: "Por que eu devo pagar para ver no cinema o que posso assistir de graça na TV de casa?" O filme dos Simpsons não é o melhor longa em desenho animado do ano. Esse privilégio vai para "Ratatouille", que considero uma obra-prima e que, aposto uma caixa de picolés de limão, leva fácil, fácil o Oscar de melhor filme de animação de 2008.