Já se sabia dos efeitos do caos a que estava relegado o setor aéreo. E, no entanto, o acidente do Airbus da TAM em Congonhas deixou a situação ainda pior.
Informações da São Paulo Turismo (SPTuris, que atua como Secretaria Municipal de Turismo) apontam queda de até 15% no faturamento do segmento.
No primeiro semestre do ano, a ocupação média da rede hoteleira era de 70%, 5% acima da média do mesmo período de 2006. Como está no gráfico ao lado, caiu 17,4% em julho e deve se recuperar só marginalmente em agosto e setembro.
Dono dos hotéis Ibis, Sofitel e Novotel - 90% ocupados por turistas de negócio -, o Grupo Accor acusou queda de 22% nas reservas entre os dias 18 (um dia após o acidente) e 31 de julho. O índice de pernoites caiu 16% no período. "Ninguém sabia se o aeroporto iria fechar, se o vôo seria cancelado ou transferido. Muita gente adiou compromissos", afirma o presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPC&VB), Orlando de Souza.
O presidente em exercício do Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais (Favecc), Amauri Caldeira, diz que a venda de passagens diminuiu 30% nas duas semanas seguintes à do acidente. Esse mercado movimenta 70% das passagens aéreas do País.
Quem organiza eventos na cidade também sentiu o baque. A diretora-financeira da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Regina Carvalho, conta que cerca de 30% dos palestrantes, que ganham viagem e hospedagem, se recusam a pousar em Congonhas ou a vir de avião. "Os bilhetes foram comprados antes do acidente e agora temos de reemiti-los, com multa, e comprar passagens de ônibus."
A empresa de turismo corporativo Tour House também teve de se adequar à nova situação, o que exigiu custos extras. O gerente de Marketing da empresa, André Webber, relata que houve quem pedisse a compra de duas passagens, aérea e de ônibus, para garantir a viagem. "Os clientes tiveram novas despesas com passagens, refeições adicionais por causa de atrasos, corridas de táxi, mais dias de hospedagem... não dá para medir isso."
Para Orlando de Souza, os eventos maiores, como feiras e congressos, sofrerão menos pois a média de visitantes de fora do Estado é só de 20% (5% estrangeiros e 15% de outros Estados).
Mas a vida continua. Amauri Caldeira constrói o futuro com certo otimismo com base no que ocorreu após o atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos: "O turismo americano levou um coice, mas o tempo se encarregou de restabelecer a confiança."
A expectativa da SPTuris é de que em 60 dias o mercado volte ao normal. Mas será deixada uma conta enorme para um setor que responde pela vinda de 16,5 milhões de turistas por ano a São Paulo e que gera R$ 8 bilhões de receita para a cidade.