Tesoureiro do PT reuniu-se com Freud na casa de Espinoza, os dois que, segundo Veja, visitaram Gedimar na cadeia
Ok, leitor, você pode pensar que vai entrar num roteiro, sei lá, surrealista. Ou que está sendo vítima do feitiço do tempo. Pior ainda: terá a sensação de que já leu coisas assim alguma vez na vida. O presidente do PT era José Genoino. Caiu por causa do mensalão. Aí entrou Ricardo Berzoini. Caiu por causa do dossiegate. O tesoureiro do PT era Delúbio Soares. Costumava aparecer em locais impróprios, como o Palácio do Planalto, por exemplo. Caiu por causa do valerioduto. Foi substituído pelo obscuro Paulo Ferreira. Que acaba, vejam só, de virar personagem, vamos ver em que grau, do escândalo do dossiê.
O PT diz que vai processar a Veja porque a revista informa, na edição desta semana, que Freud Godoy e José Carlos Espinoza, ambos seguranças pessoais de Lula, foram visitar Gedimar Passos na PF, em São Paulo. Márcio Thomaz Bastos teria acompanhado os passos de perto. Só para lembrar: Gedimar havia acusado Freud de ser um dos chefes da tramóia do dossiê. Na defesa que seu advogado entregou ao TSE, ele nega tudo e diz que foi pressionado a acusar o segurança de Lula.
Pois bem, sigamos. Na edição desta quarta, da Folha, as coisas ficaram ainda mais complicadas, segundo informa Rubens Valente. Sabem quem se reuniu com Freud logo depois de seu depoimento à PF? Isso: você acertou, leitor amigo. Foi o tesoureiro do PT, o ex-obscuro Paulo Ferreira. E adivinhem no apartamento de quem se deu o colóquio? Maravilha! Você matou a charada de novo: na casa de Espinoza. Vai ver estavam discutindo as bases de uma nova ética e depois apresentariam o resultado a Marilena Chaui.
E o que Ferreira foi fazer lá, sendo ele um tesoureiro? Quem responde à Folha é Espinoza: o homem do caixa foi “tranqüilizar” Freud, já que teria participado de uma reunião em Brasília para discutir a confusão. Como se vê, a vida de um tesoureiro, no PT, é agitada. Tem de cuidar de muita coisa, além de zelar pela grana. E o que esse encontro tem de estranho?
Os próprios participantes e o advogado de um deles devem julgá-lo, digamos, heterodoxo. Por quê? Todo mundo, no começo, tentou negar o fato. Ou, no relato de Valente: “Paulo Ferreira falou com a Folha às 18h25 de ontem. Indagado sobre a reunião, fez um discurso contra a imprensa e em defesa de Freud: 'Escreva aí: Freud tem a minha inteira solidariedade'. Em seguida, desligou o telefone sem nada responder. Mais tarde, ele confirmou ter ido à casa de Espinoza 'dar um abraço' em Freud.”
E continua o relato do repórter: “Espinoza, que concedeu entrevista à Folha ontem à tarde na frente do comitê de Lula, na avenida Indianópolis (na capital paulista), disse que o pedido do encontro partiu de Freud, com a intenção de discutir 'o seu futuro no PT'. Espinoza disse que Ferreira ‘tranqüilizou’ Freud, mas negou que se tenha discutido auxílio financeiro a ele (leia texto nesta página). O advogado de Freud, Augusto Botelho, que primeiro negou a reunião, mas depois a confirmou, apresentou uma versão diferente. Disse que a iniciativa partiu do tesoureiro, Paulo Ferreira, que queria ‘inteirar-se’ do caso do dossiê. O advogado se contradisse ao falar que não conhecia Espinoza. Apenas o teria visto anos atrás quando, na função de estagiário do escritório de advocacia do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi colher uma assinatura de Lula para uma procuração. Ao saber que o próprio Espinoza havia explicado à Folha que encontrou-se com ele horas antes da reunião com o tesoureiro, Botelho admitiu ter estado no prédio de Espinoza, na Mooca.” Desse jeito, o pupilo vai levar um puxão de orelhas do mestre, Márcio Thomaz Bastos, em cujo escritório fez estágio...
É isso aí, leitor amigo. Estamos a 11 dias das eleições. Lula lidera, nos votos válidos, com uma vantagem de 20 pontos. E as versões vão desmoronando numa velocidade vertiginosa. Como relata Rubens Valente, elas podem mudar em minutos. Como disse Lula no fim do programa Roda Viva, eleitores não ligam para manchete de jornal.
Cereja do imbróglio
Ah, sim: quando é que teria acontecido o encontro entre Paulo Ferreira, Espinoza e Freud? Informa a Folha: “A data da reunião é imprecisa: Espinoza disse acreditar ter sido a noite do dia 18, e o advogado de Freud Godoy, Augusto Botelho, indicou a noite do dia 19. Freud prestou o primeiro depoimento à PF entre 14h e 18h20 do dia 18.” E quando é que aconteceu a visita a Gedimar, na PF de São Paulo, segundo a Veja? Informa Márcio Aith: “Segundo um relato escrito por três delegados da Polícia Federal e encaminhado a VEJA, Espinoza e Freud, acompanhados de dois homens não identificados, fizeram uma visita a Gedimar na noite de 18 de setembro, quando ele ainda estava preso na carceragem da PF em São Paulo. A visita ocorreu fora do horário regular e sem um memorando interno a autorizando. Um encontro com um preso nessas condições é ilegal. Ele pode ser encarado como obstrução das investigações ou coação de testemunha.”Por Reinaldo Azevedo
MATERIA DA VEJA
O PT diz que vai processar a Veja porque a revista informa, na edição desta semana, que Freud Godoy e José Carlos Espinoza, ambos seguranças pessoais de Lula, foram visitar Gedimar Passos na PF, em São Paulo. Márcio Thomaz Bastos teria acompanhado os passos de perto. Só para lembrar: Gedimar havia acusado Freud de ser um dos chefes da tramóia do dossiê. Na defesa que seu advogado entregou ao TSE, ele nega tudo e diz que foi pressionado a acusar o segurança de Lula.
Pois bem, sigamos. Na edição desta quarta, da Folha, as coisas ficaram ainda mais complicadas, segundo informa Rubens Valente. Sabem quem se reuniu com Freud logo depois de seu depoimento à PF? Isso: você acertou, leitor amigo. Foi o tesoureiro do PT, o ex-obscuro Paulo Ferreira. E adivinhem no apartamento de quem se deu o colóquio? Maravilha! Você matou a charada de novo: na casa de Espinoza. Vai ver estavam discutindo as bases de uma nova ética e depois apresentariam o resultado a Marilena Chaui.
E o que Ferreira foi fazer lá, sendo ele um tesoureiro? Quem responde à Folha é Espinoza: o homem do caixa foi “tranqüilizar” Freud, já que teria participado de uma reunião em Brasília para discutir a confusão. Como se vê, a vida de um tesoureiro, no PT, é agitada. Tem de cuidar de muita coisa, além de zelar pela grana. E o que esse encontro tem de estranho?
Os próprios participantes e o advogado de um deles devem julgá-lo, digamos, heterodoxo. Por quê? Todo mundo, no começo, tentou negar o fato. Ou, no relato de Valente: “Paulo Ferreira falou com a Folha às 18h25 de ontem. Indagado sobre a reunião, fez um discurso contra a imprensa e em defesa de Freud: 'Escreva aí: Freud tem a minha inteira solidariedade'. Em seguida, desligou o telefone sem nada responder. Mais tarde, ele confirmou ter ido à casa de Espinoza 'dar um abraço' em Freud.”
E continua o relato do repórter: “Espinoza, que concedeu entrevista à Folha ontem à tarde na frente do comitê de Lula, na avenida Indianópolis (na capital paulista), disse que o pedido do encontro partiu de Freud, com a intenção de discutir 'o seu futuro no PT'. Espinoza disse que Ferreira ‘tranqüilizou’ Freud, mas negou que se tenha discutido auxílio financeiro a ele (leia texto nesta página). O advogado de Freud, Augusto Botelho, que primeiro negou a reunião, mas depois a confirmou, apresentou uma versão diferente. Disse que a iniciativa partiu do tesoureiro, Paulo Ferreira, que queria ‘inteirar-se’ do caso do dossiê. O advogado se contradisse ao falar que não conhecia Espinoza. Apenas o teria visto anos atrás quando, na função de estagiário do escritório de advocacia do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi colher uma assinatura de Lula para uma procuração. Ao saber que o próprio Espinoza havia explicado à Folha que encontrou-se com ele horas antes da reunião com o tesoureiro, Botelho admitiu ter estado no prédio de Espinoza, na Mooca.” Desse jeito, o pupilo vai levar um puxão de orelhas do mestre, Márcio Thomaz Bastos, em cujo escritório fez estágio...
É isso aí, leitor amigo. Estamos a 11 dias das eleições. Lula lidera, nos votos válidos, com uma vantagem de 20 pontos. E as versões vão desmoronando numa velocidade vertiginosa. Como relata Rubens Valente, elas podem mudar em minutos. Como disse Lula no fim do programa Roda Viva, eleitores não ligam para manchete de jornal.
Cereja do imbróglio
Ah, sim: quando é que teria acontecido o encontro entre Paulo Ferreira, Espinoza e Freud? Informa a Folha: “A data da reunião é imprecisa: Espinoza disse acreditar ter sido a noite do dia 18, e o advogado de Freud Godoy, Augusto Botelho, indicou a noite do dia 19. Freud prestou o primeiro depoimento à PF entre 14h e 18h20 do dia 18.” E quando é que aconteceu a visita a Gedimar, na PF de São Paulo, segundo a Veja? Informa Márcio Aith: “Segundo um relato escrito por três delegados da Polícia Federal e encaminhado a VEJA, Espinoza e Freud, acompanhados de dois homens não identificados, fizeram uma visita a Gedimar na noite de 18 de setembro, quando ele ainda estava preso na carceragem da PF em São Paulo. A visita ocorreu fora do horário regular e sem um memorando interno a autorizando. Um encontro com um preso nessas condições é ilegal. Ele pode ser encarado como obstrução das investigações ou coação de testemunha.”Por Reinaldo Azevedo
MATERIA DA VEJA