Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, outubro 03, 2006

CLÓVIS ROSSI O mito do mito


SÃO PAULO - O sistema que permite a reeleição acaba representando um mandato de oito anos com um referendo de confirmação (ou não) do governante na sua exata metade. Luiz Inácio Lula da Silva perdeu o referendo com uma nitidez bastante grande. De 125,9 milhões de eleitores, apenas 46,6 milhões votaram em Lula. Dá 37%.
Está longe, pois, de ser um mito popular, ao contrário do que muitos acadêmicos e jornalistas dizíamos e/ou supúnhamos.
Por ironia, Fernando Henrique Cardoso, com quem os petistas adoram fazer comparações, se saiu melhor que Lula quando lhe tocou participar do referendo reeleitoral em 1998: ganhou no primeiro turno, com 53% dos votos válidos, contra 48,6% de Lula agora. No entanto, nem FHC, vaidoso assumido, se acha um herói popular.
Tem mais: Lula não conseguiu vencer no primeiro turno mesmo enfrentando um candidato virgem em disputas nacionais e com assumido sabor de picolé de chuchu, ao contrário de FHC, que derrotou o já muito rodado e mais carismático Luiz Inácio Lula da Silva.
É claro que Lula pode vencer no segundo turno. Tem até mais chances aparentes que Geraldo Alckmin. Mas precisará emprestar votos daqueles que rejeitaram o seu governo mas rejeitam mais ainda o candidato adversário.
Será, de qualquer forma, uma vitória medíocre, bem de acordo, de resto, com o governo que fez. Alckmin também precisará, para vencer, de votos emprestados dos que não o quiseram no primeiro turno. Conclusão inescapável: não há quem encarne um projeto capaz de formar uma maioria própria.
Menos ainda de formar uma maioria entusiasmada, do que deu prova a frieza do domingo eleitoral. Que, pelo menos, aquele que vier a ser eleito entenda os números e trate, a partir de janeiro, de reconstruir a crença na política.

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