Entrevista:O Estado inteligente

domingo, setembro 03, 2006

AUGUSTO NUNEs SETE DIAS

Sete Dias

03/09/2006
Augusto Nunes
augusto@jb.com.br


A metamorfose ambulante

O ex-governador Alckmin é uma dicção perfeita à procura de uma idéia. O candidato Geraldo é um combatente despreparado para a execução de ataques frontais. Fisionomia de filho amantíssimo, figurino de marido exemplar, conversa mansa de pai extremoso, Geraldo Alckmin seria imbatível se candidato a representante de turma no curso maternal de Pindamonhangaba. Para desconsolo dos milhões de indignados, é o principal candidato da oposição brasileira.

Fossem outros o perfil e a têmpera do adversário e o presidente Lula estaria treinando braçadas na piscina do Palácio da Alvorada, em aquecimento para a tentativa de alcançar a praia improvável. Fosse outro o concorrente e Lula estaria no gabinete, emparedado por valérios e valdomiros, dirceus e delúbios, mensaleiros e sanguessugas. Em vez disso, mata o trabalho, faceiro, em giros por palanques dos grotões.

Feliz com o xaxado das pesquisas, o presidente-candidato já trata de escancarar em improvisos a opção preferencial pela desfaçatez. Se tantas agressões às leis, à ética e à sensatez não lhe arranharam a popularidade, não custa consumar mais uma. Ou muitas.

Nesta semana, enquanto o Brasil que presta convalescia das torpezas ocorridas no sarau oferecido por Lula a artistas do Rio – e os autores das declarações infames tentavam explicar o inexplicável – o candidato voltou a desfraldar a bandeira do cinismo.

“Política a gente faz com o que a gente tem, e não com o que a gente quer”, ensinou Lula em São Paulo. “Esse é o jogo real da política que precisou ser feito em quatro anos para que chegássemos a uma situação altamente confortável”. Nas pesquisas, presume-se.

A elevação do suborno de parlamentares a prática política aceitável seria chocante se formulada por um punguista. A metamorfose se torna mais apavorante quando envolve o homem que fez tão estimulantes promessas no discurso de posse, como registrou o jornalista Clóvis Rossi.

“O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão objetivos centrais e permanentes do meu governo”, fantasiou em janeiro de 2003. “É preciso enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos setores da vida brasileira”.

Quatro anos depois, o antigo campeão da moralidade brinca de governar o Brasil com o que houver por aí. Quando deputado, Lula afirmou que havia no Congresso “pelo menos 300 picaretas”. Hoje a bancada fora-da-lei é bem maior. E entra sem bater no gabinete presidencial.





Um Cabôco cismarento

spectador irredutível do horário eleitoral gratuito na TV, o Cabôco notou que o Doutor Enéas, depois de ter garantido em 2002 a eleição da Doutora Havanir para a Câmara dos Deputados, agora pede votos para uma certa Senhorita Sueli. Intrigado, o herói que nada esquece quer saber: o Prona do Doutor Enéas lança candidaturas ou expressões de tratamento?

Um mercado em expansão

O americano Andy Warhol previu nos anos 70 que, no futuro, todos teriam seus 15 minutos de fama. Acertou. Pelo andar da carruagem, não vai demorar o dia em que todo dirigente do PT precisará de um advogado.
Aos cursos de Direito, desempregados do Brasil!


Três é pouco, cinco não é demais

Até as sirenes das ambulâncias acham suficientes as provas reunidas contra os senadores sanguessugas Ney Suassuna (PMDB), Magno Malta (PL) e Serys Slhessarenko (PT).
Das sirenes (e do Brasil que presta), discordam dois protetores nada santos de colegas delinqüentes. Um é Renan Calheiros, que procura empurrar o caso para o quarto milênio.
O outro, também do PMDB, é João Alberto, presidente do Conselho de Ética. Escondido no Maranhão, brinca de candidato a vice de Roseana Sarney. O Senado ficaria melhor sem os cinco.


Concebido para premiar frases...


...ou textos cretinos, indecifráveis, amalucados ou sem pé nem cabeça, o troféu Yolhesman Crisbelles da semana contempla o ex-jogador Leão, técnico do Corinthians. A declaração campeã explica a diferença existente entre as duas atividades.
Como goleiro, você depende 70% de você. Como treinador, você tem o pensamento terceirizado.


Refundação é isso, gente boa.

Há um ano, quando o Pântano do Planalto engoliu o PT, Tarso Genro assumiu a presidência desocupada às pressas por José Genoíno e prometeu “refundar” o PT. Nesta semana, o de novo ministro Tarso levou Genoíno para uma visita surpresa a Lula. A refundação enfim começou.

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