Luiz Garcia - Sol no domingo |
O Globo |
29/9/2006 |
Gostaria de expressar os meus melhores votos de que os seus também o sejam. Tanto quanto uma dose razoável de esperança, sangue-frio, um tanto de indignação cívica pode ajudar bastante o eleitor em suas escolhas. Os eleitores veteranos sabem disso. Quantas vezes você, votante velho de guerra, acreditou em quem parecia fiel intérprete de suas esperanças - e depois pagou com moeda falsa a confiança depositada? Não é por acaso que o carioca já andou votando em macacos e rinocerontes - mas o caminho mais sensato não parece ser esse. Afinal, o protesto deliberado representado pelo voto em Tião ou Cacareco (para os imberbes: Cacareco era o rinoceronte) é tão desperdiçado quanto aquele no candidato que não presta. Claro, todo voto é uma aposta. Mas a escolha não precisa ser aleatória como a das dezenas num boleto da Sena. Mesmo o candidato de primeira viagem carrega nas costas alguma bagagem visível de virtudes e defeitos. Cabe ao eleitor fazer força para conhecê-la. Além disso, o próprio comportamento durante a campanha produz uma variedade de pistas sobre como agirá o postulante quando exercer o mandato que nós lhe dermos. A relação eleitor-candidato lembra um pouco a nossa vida sentimental. Moças e rapazes têm todo o tempo do namoro para saberem com quem estão lidando, antes de dar o passo decisivo. E errar na escolha não será razão para alguém virar eremita e se esconder em cavernas pelo resto da vida. Quanto mais não seja porque o Brasil não tem tantas cavernas assim. No processo eleitoral, a caverna é o voto nulo ou o voto em qualquer um. Descartadas essas opções do desespero ou do desencanto, resta ao cidadão a decisão óbvia de procurar acertar; quando errar, tentar aprender com o erro. Votar no candidato certo também não é sinônimo de votar em quem será certamente eleito. Muitos políticos que se revelaram bons representantes precisaram de mais de uma tentativa para chegar lá. Às vezes, o voto paciente é boa decisão. Última meditação: principalmente nas eleições legislativas, nas quais os candidatos são multidão, é imprudente decidir com base apenas na propaganda gratuita em rádio e TV. Nela, os partidos costumam dar mais exposição aos puxadores de voto e a quem leva dinheiro para os cofres da campanha. Não é muito inteligente fazer a escolha privilegiando os que têm mais tempo no ar e descartando a legião dos coitados que mal conseguem dizer nome e número. Esse tipo de campanha, ao contrário do que pensou quem a instituiu, faz muito pouco para democratizar a disputa. Para o eleitor atilado, serve apenas para ajudá-lo a decorar os números de candidatos já escolhidos. Então, é isso aí: vamos lá, com muita convicção, bastante indignação, um tanto de esperança. Quem sabe, faz sol neste domingo. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, setembro 29, 2006
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