Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, setembro 26, 2006

Eliane Cantanhede - Uma legião de traidores



Folha de S. Paulo
26/9/2006

Se você acha que a campanha esquentou, ainda não viu nada. Alckmin fala em "roubalheira e corrupção no governo", Heloísa Helena chama o PT de "organização criminosa", Cristovam Buarque prevê um "novo calote eleitoral" em caso de reeleição.
E Lula, ainda favorito e alvo de todos, se compara a Jesus e a Tiradentes, como já se comparou a JK e a Getúlio. Que nada. No íntimo, ele se acha muito melhor do que eles.
Erros? Que erros? L
Publishula insiste que foi traído. E quem não é? "Numa mesa de 12, um traiu Jesus. Na reunião dos inconfidentes, um traiu Tiradentes", lembrou. A diferença é que um traiu Cristo, outro traiu Tiradentes, mas parece que a sina de Lula, coitado, não é trair, é ser traído por todos, o tempo todo.
A lista de traidores é imensa e não acaba nunca. Começou com Dirceu, chegou a toda a cúpula do PT, atingiu Palocci e desembocou agora nesses "meninos", liderados, aparentemente, pelo enfermeiro que virou diretor de banco estatal, assa uma costela legal na Granja do Torto e foi escalado para ficar na linha de fogo no lugar de Freud, aquele que não explica. Um ocupa a churrasqueira. O outro, um gabinete no Palácio do Planalto.
A expectativa ainda é de vitória de Lula no primeiro turno, mas a diferença entre ele e seus adversários está por um fio -8 pontos no Datafolha e 3 no Ibope. Isso mexe com as emoções do eleitorado e com os nervos dos candidatos. Nesta última semana, a oposição vai bater pesado, e Lula interpretará o seu melhor personagem: o de vítima. Do PT, da imprensa, das elites.
Mas, vença ele no primeiro turno ou não, os "traidores" vão continuar firmes e fortes por aí, com todo mundo querendo saber a fonte e ver as fotos da dinheirama de R$ 1,7 milhão da compra do dossiê.
A oposição desconfia que haja uma versão para a eleição e outra para depois dela. Sem ninguém saber, afinal, quem traiu quem.

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