Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, setembro 27, 2006

Lula não perdoa, mata...

E lá se vai outra pomba – no caso, Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT, ex-ministro do Trabalho, da Previdência Social, e ex-chefe dos espiões da campanha de Lula em 2002.

Lula não perdoa, mata. Quer dizer: mata quando sua própria sobrevivência corre risco. Se não correr, ele berra, se descontrola, ameaça, mas acaba perdoando.

Lula matou Berzoini ao afastá-lo na semana passada da coordenação de sua campanha. Como Berzoini poderá continuar à frente do PT se não merece a confiança do presidente da República para estar ao lado dele?

Esta semana, Lula atirou mais de uma vez no cadáver de Berzoini. Disse que ele não soube escolher as pessoas certas para trabalhar ao seu lado.

Seria engraçado se não fosse trágico.

Por acaso Lula sabe escolher? Ele disse que sabe. Pois...

Porque foi ele e somente ele que escolheu José Dirceu para a Casa Civil. Nomeou-o “capitão do time”. O Procurador Geral da República preferiu identificar José Dirceu como o chefe da “sofisticada organização criminosa” que se apossou de parte do aparelho do Estado para fazer coisas más.

Quem escolheu Antonio Palocci para ministro da Fazenda foi Lula. Esse costuma ser um cargo da cota pessoal do presidente da República. E dele Palocci acabou defenestrado depois de usá-lo para perseguir um humilde caseiro.

Foi Lula que escolheu Luiz Gushiken para tomar conta da área de publicidade do governo – e Gushiken, hoje, vaga como um fantasma, sem poder algum, pelos corredores acarpetados do Palácio do Planalto.

Quem fora Lula estaria habilitado para escolher o chefe de sua segurança e da segurança de sua família – mais do que chefe da segurança, uma espécie de faz-tudo do clã dos Lula?

Foi Lula que escolheu Freud Godoy para vigiar-lhe os passos. E Freud acabou envolvido no escândalo da tentativa de compra de um dossiê contra políticos do PSDB. Teve sua prisão preventiva decretada ontem por um juiz de Cuiabá.

Sem falar de “nosso” Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT. Ele não seria o tesoureiro das campanhas presidenciais se Lula não quisesse. E contra a vontade de Lula não se hospedaria pelo menos uma vez na Granja do Torto.

Delúbio passará à História como homem de confiança de José Dirceu quando sempre foi homem de confiança de Lula.

Quem não soube escolher seus mais próximos auxiliares no primeiro mandato saberá escolhê-los em um eventual segundo mandato?

A essa altura, a maioria dos eleitores não parece interessada nesse tipo de discussão.

A não ser que os fados conspirem na última hora contra ele, Lula tem tudo para se reeleger direto no primeiro turno.

As pesquisas IBOPE e Datafolha que serão divulgadas logo mais no Jornal Nacional poderão sustentar ou desmentir o que pressinto.

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