EDITORIALDA FOLHA DE S PAULO
"Enquanto eles acusam, o PT faz muito mais pelo Brasil". Não prima pela originalidade o slogan das inserções publicitárias do partido, cuja veiculação na TV foi sustada por liminar da Justiça na sexta-feira uma vez que o PSDB contestava as estatísticas ali apresentadas. O anúncio petista revela, de qualquer modo, uma verdade que se situa acima da querela dos números. Desde Adhemar de Barros e Paulo Maluf, passando por Orestes Quércia e outros menos votados, nunca houve governante que não tenha ostentado realizações administrativas como álibi para denúncias de que foi objeto.
Depois das notórias exibições de criatividade protagonizadas por publicitários como Marcos Valério e Duda Mendonça -cujos impressionantes dotes imaginativos se estenderam bem além da estrita área de sua atuação profissional-, a esta altura chega a ser natural que a propaganda petista se limite a um claudicante e melancólico clichê.
Passemos ao largo do fato de que, durante mais de duas décadas de existência, foi o PT quem exerceu o papel de "acusador" com máxima ênfase. A atitude que, há relativamente pouco tempo, era classificada como "defesa da ética na política", hoje recebe, no jargão petista, o tratamento característico de todo ocupante do poder: tudo não passa de "acusação" eleitoreira.
Mas quem "acusa"? E em que consistem as "acusações"? Se a denúncia do mensalão se reduzisse a alguns discursos de lideranças oposicionistas, é certo que faltariam ao partido de Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ou ao de Roberto Brant (PFL-MG) qualificações mínimas para erigir-se em fiscal das operações financeiras de quem quer que fosse.
O que se verificou, vale insistir, não foi um corriqueiro caixa dois, e sim um sistema organizado, a partir do círculo mais íntimo do presidente da República, para construir, ao preço de saques em dinheiro vivo, uma bancada parlamentar dócil ao objetivo petista de perpetuação no poder.
O que se verificou foi um espetáculo de pressões políticas desavergonhadas e incansáveis no sentido de forjar teses conspiratórias e de boicotar pelo silêncio, pelo eufemismo, pela chicana judicial e pela mentira deslavada todo esforço para chegar à essência dos fatos.
O que se verificou foi um ministro de Estado no centro da violação criminosa do sigilo bancário de um cidadão. O que se verificou foi o secretário-geral do PT renunciando após receber um carro de presente de uma fornecedora da Petrobras.
O que se verificou -para não nos alongarmos na crônica de vexames, improvisos e desmentidos a que todo o país assistiu boquiaberto- está inscrito nas 136 páginas do relatório elaborado pelo procurador-geral da República, classificando como "formação de quadrilha" a atuação de ministros e autoridades de primeiro plano no sistema petista.
Estariam o procurador-geral da República e a própria Polícia Federal incluídos entre os que, segundo os anúncios do PT, só "acusam", enquanto o governo "faz"? Num vertiginoso truque de raciocínio, faz-se circular a tese de que seria mérito do governo a independência com que Ministério Público e polícia conduziram as investigações.
Ainda não se chegou à desfaçatez de incluir o ponto na propaganda do Partido dos Trabalhadores; o delírio da autocongratulação poderia, quem sabe, incluir a lembrança que veio de um aliado, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), a primeira denúncia do mensalão; e que o presidente Lula tinha afirmado sua plena confiança nesse "acusador", a ponto de dizer-se capaz de lhe dar um cheque em branco. A conta, de qualquer modo, talvez recaísse nas empresas de Paulo Okamotto.
Seria um toque final na comédia de um partido que se dizia "por um Brasil decente" e que agora adota um lema flagrantemente próximo do "rouba, mas faz".
Entrevista:O Estado inteligente
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