O País perdeu o passo |
editorial |
O Estado de S. Paulo |
25/4/2006 |
A aposta mais otimista no futuro do Brasil foi feita há alguns anos por um grupo de economistas do banco de investimentos Goldman Sachs. Até o meio do século, segundo eles, um grupo de quatro economias emergentes e em transição poderá ultrapassar as seis maiores de hoje. Eles inventaram um nome para esse grupo - BRICs - a partir das iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China. Três dessas quatro economias têm exibido taxas invejáveis de crescimento econômico, movidas por um empenho evidente de ocupar posições destacadas no Primeiro Mundo. Duas delas, China e Índia, podem ganhar mais peso no Fundo Monetário Internacional (FMI), na projetada redistribuição de cotas e de direitos de voto. O governo brasileiro não sabe sequer se o País não sairá perdendo nessa redivisão do bolo de poder. O B dos BRICs será capaz de acompanhar as outras letras ou acabará caindo? O risco de perda na redistribuição de poder no Fundo Monetário Internacional pode parecer remoto, e talvez seja, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem mostrado preocupação com essa possibilidade. Em várias entrevistas, na semana passada, durante a reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington, ele mencionou o perigo e disse que será preciso discutir com muito cuidado a nova fórmula de cotas e votos. Mas uma parte da mudança está praticamente resolvida. Muito provavelmente serão atribuídas cotas e direitos de voto, de forma seletiva, aos países mais obviamente sub-representados e numa segunda fase se cuidará dos demais detalhes. O procedimento foi aprovado, no fim de semana, pelos maiores acionistas da instituição. Não se publicou uma lista oficial dos primeiros beneficiários, mas não há dúvida quanto à China. Coréia do Sul e Índia estarão entre os prováveis ganhadores dessa primeira atribuição de cotas adicionais. Tem-se falado também no México. Não houve, desde o ano passado, quando se tornou pública a discussão, referência ao Brasil. Se todos os fatos forem examinados na ponta do lápis, talvez o governo brasileiro possa reclamar de alguma injustiça. Mas é preciso reconhecer, com realismo, que alguns países, como China, Índia e Coréia do Sul, ganharam força econômica e importância relativa nos últimos 20 anos, graças ao esforço persistente para se modernizar e se integrar de forma competitiva na economia global. O Brasil perdeu os anos 80 e metade dos 90, atolado na inflação elevada e no desequilíbrio fiscal. As políticas de desenvolvimento que haviam funcionado inicialmente não tinham mais sentido, mas não haviam sido substituídas. O protecionismo, justificável nos primeiros tempos da industrialização, havia deixado de ser funcional. A política tecnológica, exceto em alguns campos, continuava comprometida com o esforço da reinvenção do guarda-chuva. A segunda metade dos anos 90 foi dedicada à reconstrução institucional da economia brasileira. Houve erros, mas criaram-se bases legais para um sistema produtivo mais moderno, mais aberto e mais competitivo. A maior parte da indexação foi desmontada. A Lei de Responsabilidade Fiscal consagrou novos padrões e novos limites para as finanças públicas. Tornou-se possível, de novo, praticar política monetária. A correção dos desequilíbrios externos começou em 1999 e prolongou-se nos anos seguintes, com a expansão das exportações - um resultado que refletiu, em grande parte, a abertura de mercado e os ganhos de competitividade iniciados nos anos 90. Mas a economia continuou emperrada, porque as reformas não foram completadas e o novo governo fez apostas erradas na diplomacia econômica. Preferiu ressuscitar as bandeiras terceiro-mundistas e criar obstáculos a acordos comerciais com os mercados do Primeiro Mundo, enquanto China, Índia, Coréia e outras economias invadiam os Estados Unidos e a Europa Ocidental com seus produtos. O reconhecimento da China como economia sub-representada no Fundo Monetário Internacional é mais um prêmio para uma política ambiciosa e mantida por duas décadas. As incertezas quanto ao Brasil, nesse episódio, também não são gratuitas: são parte das conseqüências dos muitos erros acumulados durante o mesmo período e agravados, agora, com a opção pelo terceiro-mundismo requentado. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, abril 25, 2006
O País perdeu o passo
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