Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, abril 25, 2006

Jânio de Freitas - Aviso de desembarque

Jânio de Freitas - Aviso de desembarque


Folha de S. Paulo
25/4/2006

Com a sutileza que a política merece e tão pouco recebe das lideranças do PSDB, do PT e de outros zagueiros de várzea, a cúpula do PFL lançou ontem um petardo no cenário eleitoral, aparentemente pouco ou nada percebido no seu potencial demolidor.
Como quem diz algo banal ao meio de uma frase comum, o PFL, pela voz do senador José Agripino, tornou público o seu desinteresse por ter a vice na chapa (atual) do PSDB. Nas circunstâncias já cinzentas da pré-candidatura Alckmin, nada de mais corrosivo poderia ser dito.
O fato de que "o PFL pode até não ocupar a vice" na chapa do PSDB é o desfecho para o também refinado pretexto, que já se exauria, de demora na indicação do vice por força de uma tal disputa entre os senadores Agripino e José Jorge. Nem a disputa se mostrou jamais nem a "nova" posição do PFL quer aproveitar a liberdade de alianças variadas nos Estados, proporcionada pela lei da verticalização aos partidos que não se aliem para a Presidência. Fossem as composições livres nos Estados uma grande atração ao PFL, não teriam tardado tanto a se sobrepor à oferta do PSDB.
No final de semana, houve fartura de boatos, que entraram pela segunda-feira, sobre pesquisa com Geraldo Alckmin batido não só por Lula, nas várias situações, mas também por Itamar Franco. Nada indica, porém, que os pefelistas tenham aberto seu jogo em razão dessas pesquisas ou boatos. Além disso, a difusão do tal êxito de Itamar Franco trouxe marcas palacianas que nada tem conseguido disfarçar. Afinal de contas, o que não convier a Anthony Garotinho convém a Lula.
O PFL pode, de fato, obter composições estaduais com o PMDB, como lembrou José Agripino, bastante lucrativas. Já para a pré-candidatura Alckmin, a perda da aliança nacional com o PFL significa uma perspectiva de solidão sufocante. Se não insinua a condenação, não está muito distante de fazê-lo.
Mas desde a longa protelação de antes, e não só com o sutil bater de asas que ontem começou a se mostrar, a atitude do PFL já traduzia o sentimento de uma quase condenação prévia e natural de Alckmin. Cujas conseqüências o PFL não teria razão alguma para dividir as incompetências peessedebistas.

 

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