Folha de S. Paulo |
27/4/2006 |
A questão do gasoduto que integrará toda a América Latina é mais um daqueles temas complexos, porém fundamentais, que exigem aprofundamento da discussão. Obra faraônica, com baixa relação custo/benefício, predadora do ambiente, ou a mais importante obra de integração econômica do continente? Obra que consolidará as relações entre os países ou que será destruída pela instabilidade política do continente? A primeira armadilha a evitar são as comparações com obras faraônicas do passado, como a Transamazônica. Se viável, o gasoduto poderá desempenhar papel fundamental no desenvolvimento de todo continente. Ao longo de todo o seu trajeto, cria zonas potenciais de negócios, ajudando a dar forma ao grande projeto das Zonas de Integração imaginado por Eliezer Baptista no início dos anos 90. Ou seja, há uma lógica econômica clara no projeto. Havendo essa lógica econômica, não há nenhuma razão para se espantar com as cifras envolvidas -fala-se em US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões até o ano 2020. Não se trata de investimento a fundo perdido. O gasoduto movimentará toda uma atividade econômica e será remunerado pelo transporte do gás. O desafio consistirá em avaliar a viabilidade econômica e estimar se haverá necessidade ou não de aporte público, na modalidade de PPP (Parceria Público-Privada). A questão política é mais delicada. Mas o continente já tem boa experiência em projetos multinacionais, como a Bladex, um banco de financiamento de exportações com sede no Panamá e capital de diversos países do continente, que teve papel fundamental na crise externa de 2002. A questão não é desqualificar o gasoduto por conta de possíveis problemas político-diplomáticos, mas de discutir a melhor maneira de blindá-lo das oscilações políticas do continente. A forma mais consistente de integrar política e economicamente o continente é por meio de obras físicas, com interesses compartilhados. O caminho não é fugir do tema, porque os problemas políticos são inevitáveis. É tratar de dar uma conformação política e jurídica que torne o gasoduto menos vulnerável a mudanças políticas. Também o ambiente não pode ser um obstáculo intransponível. Um gasoduto é uma tubulação. O único desafio é escolher o traçado que menos comprometa o ambiente (a floresta amazônica) sem inviabilizar financeiramente o empreendimento. O tema ainda é incipiente. Ganhou força graças à parte positiva da loucura de Hugo Chávez. Diferentemente de Evo Morales, presidente da Bolívia, Chávez tem a gana da integração continental. Mais que isso: tem petrodólares. A refinaria que ajudou a financiar em Pernambuco é um exemplo de que o tal do bolivarismo não é mera figura de retórica. Em suma, o gasoduto será o maior desafio para testar o nível de consciência estratégica da opinião pública dos diversos países, sua capacidade de discutir o tema sem incorrer em simplificações. Um acervo inicial sobre o tema pode ser obtido no endereço www.projetobr.com.br. Nos próximos dias, tentaremos aprofundar cada um dos temas levantados. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, abril 27, 2006
Luís Nassif - O desafio do gasoduto
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