FOLHA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva radicalizará o discurso e a ação política se a oposição estimular a apresentação de um pedido de impeachment com base nas investigações feitas até hoje pelas CPIs do Congresso e pela Procuradoria Geral da República.
Em conversas reservadas com auxiliares e aliados, Lula tem dito que não admitirá ser comparado a Fernando Collor de Mello, presidente que sofreu impeachment em 1992. Ele se queixa ainda do tratamento que recebe de dirigentes da oposição. Diz que nunca atacou o então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) como ele e membros do PSDB o atacam hoje. FHC governou o Brasil por dois mandatos.
Se a oposição insistir no impeachment, Lula a acusará de golpista. Dirá que tenta evitar a reeleição no tapetão por falta de voto para colocar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) no Palácio do Planalto.
O presidente avalia que, a cada pesquisa sobre a sucessão presidencial em que ele se mantém na condição de favorito, a oposição aumenta as críticas ao governo. Alckmin é visto por Lula e o PT como o adversário mais perigoso.
No caso de a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) patrocinar um pedido de impeachment, Lula pretende mobilizar entidades sociais simpáticas ao governo para fazer protestos públicos contra a solicitação. O ministro Luiz Marinho (Trabalho) e o presidente do PT, Ricardo Berzoini, têm feito contatos com setores do movimento social que, apesar de insatisfeitos com Lula, ainda prefeririam um governo petista ao retorno de um tucano à Presidência.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), a CUT (Central Única dos Trabalhadores), outras centrais sindicais e a UNE (União Nacional dos Estudantes) seriam "convidadas" se manifestar contra suposta tentativa golpista da oposição. Lula avalia que, num cenário de radicalização política maior, teria apoio dessas entidades.
Por último, diz um auxiliar direto, Lula "continuará mostrando serviço", tomando medidas que beneficiam os mais pobres e viajando pelo país para inaugurações e eventos que tenham impacto positivo na eleição.
Até a oficialização da candidatura à reeleição, que pretende adiar para o fim de junho, Lula continuaria a se dedicar a uma intensa "agenda positiva" para minimizar o efeito de fatos negativos (caso Francenildo, relatório da CPI dos Correios e denúncia da Procuradoria Geral da República). Exemplo: a solenidade na Plataforma P-50 da Petrobras, em comemoração à auto-suficiência do Brasil na produção de petróleo, na qual sujou as mãos de óleo como Getúlio Vargas na campanha "O Petróleo é Nosso".
O "pacote de bondades" do governo deverá continuar, apesar de Lula já ter tomado as medidas de maior impacto: reajuste do salário mínimo de R$ 300 para R$ 350 e antecipado para abril e elevação dos benefícios do Bolsa-Família. Lula crê ter pouco espaço no Orçamento para ampliar ainda mais os gastos públicos em 2006.
Após conversas com auxiliares e aliados, Lula avaliou que tende a zero a possibilidade de um processo de impeachment prosperar. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse ao presidente que barrará qualquer pedido nesse sentido. Cabe ao presidente da Câmara aceitar ou recusar essa solicitação, que não pode ser feita por partidos políticos -deve partir de representantes da sociedade civil ou de parlamentares.
Aldo foi eleito presidente da Câmara com apoio de Lula, de quem foi ministro da Coordenação Política e líder do governo na Câmara. É aliado fiel e histórico.
Lula se comprometeu com Aldo a, se reeleito, mantê-lo na presidência da Câmara. Um dos argumentos da oposição para enfraquecer Lula é dizer que a ameaça de impeachment continuaria num eventual segundo mandato.
Em 2005, o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti recusou uma solicitação nesse sentido.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva radicalizará o discurso e a ação política se a oposição estimular a apresentação de um pedido de impeachment com base nas investigações feitas até hoje pelas CPIs do Congresso e pela Procuradoria Geral da República.
Em conversas reservadas com auxiliares e aliados, Lula tem dito que não admitirá ser comparado a Fernando Collor de Mello, presidente que sofreu impeachment em 1992. Ele se queixa ainda do tratamento que recebe de dirigentes da oposição. Diz que nunca atacou o então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) como ele e membros do PSDB o atacam hoje. FHC governou o Brasil por dois mandatos.
Se a oposição insistir no impeachment, Lula a acusará de golpista. Dirá que tenta evitar a reeleição no tapetão por falta de voto para colocar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) no Palácio do Planalto.
O presidente avalia que, a cada pesquisa sobre a sucessão presidencial em que ele se mantém na condição de favorito, a oposição aumenta as críticas ao governo. Alckmin é visto por Lula e o PT como o adversário mais perigoso.
No caso de a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) patrocinar um pedido de impeachment, Lula pretende mobilizar entidades sociais simpáticas ao governo para fazer protestos públicos contra a solicitação. O ministro Luiz Marinho (Trabalho) e o presidente do PT, Ricardo Berzoini, têm feito contatos com setores do movimento social que, apesar de insatisfeitos com Lula, ainda prefeririam um governo petista ao retorno de um tucano à Presidência.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), a CUT (Central Única dos Trabalhadores), outras centrais sindicais e a UNE (União Nacional dos Estudantes) seriam "convidadas" se manifestar contra suposta tentativa golpista da oposição. Lula avalia que, num cenário de radicalização política maior, teria apoio dessas entidades.
Por último, diz um auxiliar direto, Lula "continuará mostrando serviço", tomando medidas que beneficiam os mais pobres e viajando pelo país para inaugurações e eventos que tenham impacto positivo na eleição.
Até a oficialização da candidatura à reeleição, que pretende adiar para o fim de junho, Lula continuaria a se dedicar a uma intensa "agenda positiva" para minimizar o efeito de fatos negativos (caso Francenildo, relatório da CPI dos Correios e denúncia da Procuradoria Geral da República). Exemplo: a solenidade na Plataforma P-50 da Petrobras, em comemoração à auto-suficiência do Brasil na produção de petróleo, na qual sujou as mãos de óleo como Getúlio Vargas na campanha "O Petróleo é Nosso".
O "pacote de bondades" do governo deverá continuar, apesar de Lula já ter tomado as medidas de maior impacto: reajuste do salário mínimo de R$ 300 para R$ 350 e antecipado para abril e elevação dos benefícios do Bolsa-Família. Lula crê ter pouco espaço no Orçamento para ampliar ainda mais os gastos públicos em 2006.
Após conversas com auxiliares e aliados, Lula avaliou que tende a zero a possibilidade de um processo de impeachment prosperar. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse ao presidente que barrará qualquer pedido nesse sentido. Cabe ao presidente da Câmara aceitar ou recusar essa solicitação, que não pode ser feita por partidos políticos -deve partir de representantes da sociedade civil ou de parlamentares.
Aldo foi eleito presidente da Câmara com apoio de Lula, de quem foi ministro da Coordenação Política e líder do governo na Câmara. É aliado fiel e histórico.
Lula se comprometeu com Aldo a, se reeleito, mantê-lo na presidência da Câmara. Um dos argumentos da oposição para enfraquecer Lula é dizer que a ameaça de impeachment continuaria num eventual segundo mandato.
Em 2005, o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti recusou uma solicitação nesse sentido.