editorial |
O Estado de S. Paulo |
27/4/2006 |
Em menos de 48 horas, quatro presidentes de países sul-americanos estiveram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E esse é um sinal de que as coisas andam mal na região. O objetivo principal da política externa de Lula é a montagem de uma Comunidade Sul-Americana de Nações, baseada em duas estruturas preexistentes: o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações. O Mercosul, nesses três anos e meio de governo do PT, perdeu vitalidade em meio a querelas sobre tarifas alfandegárias e protecionismos e agora sua sobrevivência está por um fio, dependendo de como se resolva a "crise das papeleras" entre Argentina e Uruguai. Já o Pacto Andino, que nunca teve muito dinamismo, agora está ameaçado de dissolução pela ameaça do coronel Hugo Chávez de retirar a Venezuela do bloco. Se o Mercosul se arrasta e se o Pacto Andino está nos estertores, como poderia a Comunidade Sul-Americana de Nações - a soma dos dois blocos - surgir como um poderoso organismo político e econômico, capaz de fazer frente a toda e qualquer iniciativa política e comercial dos EUA, a potência a hostilizar? Primeiro para tentar evitar que os conflitos entre os países da região se tornassem um obstáculo intransponível e, depois, diante da iminência do fracasso cabal de uma das principais iniciativas da diplomacia petista, o presidente Lula adotou a tática da conciliação a qualquer custo. O presidente Kirchner exige a criação de salvaguardas para proteger alguns setores da economia argentina? Lula concede. O presidente Chávez vem ao Paraná e incita a desordem civil no Brasil? Lula se cala diante do insulto à soberania nacional. O resultado é que todos os países da região, cada um à sua maneira, estão defendendo o que os governantes de turno entendem ser os respectivos interesses nacionais. Menos o presidente Lula. Em sua política de apaziguamento, ele e seus conselheiros se desdobram para entender as razões que têm levado os governos da Argentina, da Bolívia e da Venezuela a assumir posições claramente contrárias aos interesses brasileiros - e com isso esquece que foi eleito para defender o interesse nacional, e não para arranjar justificativas para o populismo neoperonista de Kirchner, o nacional-populismo de Chávez e o populismo indigenista de Evo Morales. Essas manifestações de populismo rastaqüera têm de ser contidas, e não incentivadas pelo apaziguamento. Sem ter quem contrarie suas iniciativas, com firmeza e serenidade, o coronel Hugo Chávez vai ampliando sua influência pela região, usando generosamente os dólares do petróleo. E com isso cria um ambiente de instabilidade tanto para a economia regional como para o relacionamento político harmonioso que vinha marcando o cenário sul-americano. Hugo Chávez acha-se no direito de determinar o comportamento de países soberanos. Há dias, deu um ultimato aos presidentes do Peru e da Colômbia: se não reconsiderarem os acordos de livre comércio assinados com os EUA, a Venezuela se retirará do Pacto Andino. É pesporrência pura. Como observou o presidente Álvaro Uribe, em sua breve visita a Brasília, na terça-feira, Chávez vende petróleo aos EUA, mas não quer que a Colômbia tenha o mesmo mercado para seus produtos agrícolas e manufaturados. Além disso, Chávez não demonstrou nenhuma preocupação com a integridade do bloco andino quando pediu ao Mercosul que o aceitasse como sócio pleno, sendo óbvio que, para aceitar o regime tarifário do Mercosul, a Venezuela teria de deixar o bloco andino. Na reunião com os presidentes da Argentina e da Venezuela, ontem, Lula deu seu aval à continuidade dos projetos de viabilidade do megalômano Gasoduto Venezuela-Mercosul. Está associando o Brasil, sem avaliar direito as conseqüências, a um empreendimento no qual Chávez - que não garante ambiente propício às empresas instaladas na Venezuela - será o sócio leonino. O coronel propõe que se construa o maior gasoduto do mundo, atravessando regiões inóspitas, a um custo equivalente a uma vez e meia o que custou a Hidrelétrica de Itaipu e não se digna revelar aos sócios em perspectiva informações fidedignas sobre as reservas que colocará à disposição, nem a se comprometer com o fornecimento firme do gás. E o presidente Lula segue o script feito por Chávez, assim como vai permitindo que a Petrobrás e outras empresas brasileiras sejam espoliadas na Bolívia. Antigamente, dava-se a isso o nome de crime de lesa-pátria. |
Entrevista:O Estado inteligente
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