Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 29, 2006

CLÓVIS ROSSI O difícil e o impossível

FOLHA

  SÃO PAULO - A propósito do texto publicado ontem neste espaço, sobre a necessidade de um grande sonho para fazer um grande país, o leitor Eduardo Gabor manda a seguinte frase de David Ben Gurion, o estadista judeu que foi o maior responsável pela criação do Estado de Israel: "O difícil a gente faz imediatamente. O impossível leva um pouco mais de tempo".
Compare, por favor, com a seguinte frase de Luiz Inácio Lula da Silva: "O governo tenta fazer o simples, porque o difícil é difícil" (discurso na 1ª Conferência Nacional do Esporte, em 17 de junho de 2004).
Agora compare os contextos: Ben Gurion soltou sua frase numa época em que os judeus haviam sido exterminados pelo Holocausto (ainda hoje, o Estado de Israel tem menos habitantes do que o número de mortos nos anos 40 do século passado).
Época também em que começavam a construir o Estado judeu, num território pequeno, não exatamente abençoado em recursos naturais e cercado de inimigos por todos os lados (ainda hoje, Israel está tecnicamente em guerra com dois de seus quatro vizinhos).
Nem precisaria dizer as vantagens teóricas do Brasil, mas não custa dar a palavra a outro leitor, Edwin Lima, salvadorenho que estudou no Brasil, vive em Amsterdã (Holanda) e está de passagem pelo país: "Não é possível que um país celeiro do mundo, maior fornecedor de commodities, com as maiores reservas naturais do planeta, com uma das maiores economias do mundo, se veja reduzido a apenas dois fatores: governo e gestão da dívida".
Faltou dizer que, nesta revisita ao país, Lima diz que "nada parece ter mudado, ou, se mudou, só não foi para melhor".
Faltou também dizer que a culpa não é só dos governos sucessivos, segundo o leitor Carlos Hugo Sgarbi. "O Brasil e os brasileiros são iguais ao alfaiate do interior: medem grande e cortam curto", escreve.
Se alguém descobrir um alfaiate tipo Ben Gurion por aí, avise a mim e aos leitores citados.

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