Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, agosto 02, 2007

UM TIMINHO, E TANTO

Adriana Vandoni

Foram poucos os que se dispuseram a ir, no horário de trabalho, enfrentando este sol cuiabano e as intimidações veiculadas nos órgãos da imprensa local. Mas vaiamos Lula, e isso basta!

Conforme as palavras do prefeito em seu discurso, juntos não daríamos um time de futebol de salão. Também não era um movimento do PSDB, seu partido, o que, aliás, eu mesma fiz questão de afirmar. Era uma manifestação de pessoas honestas e trabalhadoras que não precisam do aval de partido político para exercer a cidadania. Um “timinho” que sabe que a manifestação popular, mais do que um direito, é um dever dos cidadãos conscientes. O compromisso desse “timinho” que vaiou Lula é com os princípios de cada um, coisinhas básicas, sabe, esquecidas pela maioria dos políticos.

Para esse grupo, os pecados do presidente não são redimidos através de recursos públicos, afinal, esse recurso, se vier, não é do presidente, não é do PT. É do povo brasileiro e a sua aplicação é obrigação de todo governante. Pena saber que parte desse dinheiro também sirva para rechear cuecas. A impressão que fica é que o fato de prometer dinheiro redime Lula de todos os erros cometidos. Então é assim? Basta pagar? Recursos públicos agora compram honra e caráter? Engraçado, na camada menos favorecida da população isso se chama bolsa-família. No caso então, poderíamos chamar de “bolsa-prefeito”?

O papel de Wilson Santos, como executivo, estava certo até a hora do infeliz discurso. Não se vanglorie da intimidação, prefeito. Faça e seja merecedor de aplausos. Aja com compromisso à sua história tantas e tantas vezes, exaustiva e enfadonhamente contada e recontanda em seus discursos.

Esse não é o caso do empresário Blairo Maggi que simplesmente não tem história nem compromisso com posturas públicas. Sua visão é privada. Lastimo que os senhores pretendam fazer de Mato Grosso um curral de vacas amestradas. Todas empunhando bandeirolas e saudando o grande líder Lula.

Não houve mobilização, e esperava poucas pessoas já que o encontro foi marcado entre amigos apenas na segunda-feira à tarde. Um aviso em meu blog e telefonemas foi o que foi feito, apenas. Recusamos em mobilizar transporte de manifestantes, o objetivo não era esse, era apenas o de manifestar nosso descontentamento, um direito legítimo, apesar das intimidações com o uso até de helicópteros para nos abafar. Até a segunda-feira à tarde não havia nem a intenção de vaiar de fato, até por um pedido do próprio prefeito, feito na sexta-feira. Durante o fim de semana fui procurada por diversas pessoas, militantes ou não de partidos políticos. Quando algumas lideranças do PSDB me ligaram eu disse para não se envolverem, para evitar um embaraço ao prefeito “companheiro” de partido. Não por medo de zanga, mas para não confundir o ato de cidadãos com militantes do partido.
Aprendi mais uma nessa. Deixei de mobilizar e sofri o tripudio, mas faz parte. Aprendi também que a política deve ser feita com paixão, não em gabinetes e diretórios, e abdicar desses momentos é ir contra a lógica da política.

Mas, aos que vêem isso como um fracasso do ato, pelos poucos presentes, não imaginam os apoios recebidos pelos que por lá passavam a caminho do trabalho. Éramos um grupo que, segundo o prefeito, não dava um time de futebol de salão, mas pautamos seus discursos.
Sabe, uma vez um antigo político, já falecido, me disse que a pior espécie de político é o “político folha”. Fiquei curiosa em saber o que significava e ele respondeu: é aquele que muda de lugar ao sabor do vento.

Publicado em 01/08/2007

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