02 de Agosto de 2007 | 13:50
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fugir da responsabilidade por uma crise importante de seu governo. Em reunião de seu conselho político, na manhã desta quinta-feira, em Brasília, Lula reconheceu que o governo não sabia da gravidade dos problemas do setor aéreo. Não foi a primeira vez que o presidente justificou um escândalo em sua gestão dizendo que não tinha conhecimento de nada: nos casos do "mensalão", dos "aloprados" do dossiê, dos negócios suspeitos do irmão Vavá e da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo, Lula também disse que não sabia. A informação foi divulgada pela Agência Estado.
Conforme relato de participantes do encontro, Lula admitiu que a questão aérea não era motivo de preocupação para o governo até o acidente com o Boeing da Gol, há dez meses, quando começou o caos aéreo no país. "Foi como uma metástase que o paciente não sabia existir", disse ele, comparando o problema com um câncer. Lula também reconheceu que o problema é de "gestão", mas, também repetindo uma estratégia freqüente em seu governo, culpou os antecessores, fugindo da culpa -- segundo ele, o setor aéreo nunca foi discutido nas cinco eleições presidenciais de que ele participou. "Isso só surgiu com as tragédias", disse.
De acordo com informações do portal Terra, Lula reclamou dos órgãos responsáveis pela administração do setor, que não trabalhavam de forma conjunta e tomavam decisões sem consultar os demais. O presidente disse acreditar que o descompasso será resolvido com a indicação do novo ministro Nelson Jobim para a pasta da Defesa. Lula voltou a afirmar que Jobim tem "carta-branca" para tomar as providências necessárias para solucionar a crise. Por fim, apesar do claro fracasso no setor, Lula fez novo desafio à oposição, que, segundo ele, articulou a criação do movimento "Cansei": "Se tiver que ir para o palanque eu vou".
'Indignado' - Na campanha à reeleição, no fim do ano passado, Lula respondeu, em entrevista à TV Cultura, sobre os repetidos casos em que disse que "não sabia" dos problemas. "Nem um presidente nem um pai de família tem como saber de tudo. Quantas vezes você está na cozinha, acontece algo na sala, e você não fica sabendo?" No caso do mensalão, apesar dos vários relatos de que teria sido avisado da compra de votos, ele garantiu que nunca ouviu nada a respeito. No episódio do dossiê, apesar do envolvimento direto de assessores próximos, se disse "indignado" e acusou a oposição -- que seria alvo do próprio dossiê.