Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 19, 2007

ELIANE CANTANHÊDE



Reabrindo feridas

BRASÍLIA - Os dois ou seja lá quantos mil do movimento "Cansei", na sexta, não foram nada perto do que Lula vai enfrentar nesta semana. A elite ele tira de letra. Talvez até goste e faça cálculo favorável de ganhos e perdas. Mas não há a possibilidade de ganho quando a questão é a ética, ou a falta de.
O pau come na economia, o presidente ainda vai se ver obrigado a suportar o Supremo futucando a maior ferida do seu governo, o mensalão, que marcou a imagem do PT e foi um marco não só para o governo Lula como para a esquerda no poder. Causou dúvidas e desesperança, radicalizou ainda mais os radicais -até no próprio PT.
Nem por isso o governo aprendeu. Com mensalão e tudo, o PTB de Roberto Jefferson mantém feudos no governo e acaba de nomear o superintendente da Susep, que regula o bilionário setor de seguros privados no país.
O noticiário deve ser ocupado por dólar, Bolsas, risco-país, pelos novos lances do caso Renan e por um desfile diário de José Dirceu e os 40, quer dizer, 39 mensaleiros. Um ex-presidente da Câmara, um ex-presidente do PT, uns tantos ex-presidentes e ex-líderes de partidos da base aliada. Deve doer.
A expectativa é que o julgamento, calcado no relatório do procurador-geral Antônio Fernando, vá se estender desta para a próxima semana.
Quanto mais demorar, pior. Até para os próprios ministros do Supremo, com sua longa tradição de julgar bonito e absolver feio. Bonito na forma, no discurso. Feio no conteúdo, no resultado. Uns mensaleiros têm mais culpa, outros menos, e não deve ficar tudo por isso mesmo. Os juízes da mais alta Corte terão imensa dificuldade para absolver todos, lavar as mãos e dormir em paz. Um julgamento tenso e inesquecível.

Efeito crise aérea: o Orçamento das Forças Armadas vai engordar R$ 2 bi em 2008. Um "cala-boca".
elianec@uol.com.br

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