Entrevista:O Estado inteligente

domingo, setembro 03, 2006

Difícil de compreender ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

FOLHA

DIZEM QUE quando dois economistas se reúnem, surgem sempre três opiniões...
Há um assunto, porém, que eles têm tocado em uníssono. Trata-se da urgente necessidade de se reduzir os gastos públicos. É espantoso verificar que as despesas correntes do governo crescem a 15%, para uma inflação de 3,7% (estimada pelo Banco Central).
Maior espanto causa a proposta do governo em não fazer nenhum corte de despesas para 2007. O que isso significa? Mais imposto? Vamos passar dos 37,37% do PIB? Será que o governo não entende que impostos altos demais provocam injustiças e aumentam a informalidade?
O pior é que com toda essa gastança o governo tem sido impotente para investir naquilo que é essencial para o nosso crescimento: infra-estrutura, saúde e educação.
O Brasil não está crescendo o que precisa. Pode-se dizer o que for: que a inflação está baixa, que a balança de pagamentos está saudável e que os juros estão caindo. Apesar dos bons fundamentos da economia, continuamos na rabeira da maioria dos países emergentes.
Crescemos 2,3% em 2005 e chegaremos a meros 3,5% em 2006. Isso é ridículo perto das nossas necessidades. Nesse ritmo, levaremos cerca de cem anos para chegar à renda da Coréia do Sul! Sem um severo controle do déficit público não se chega a um bom crescimento. Esse é o quadro atual.
Explosão de despesas e encolhimento de investimentos. Não é à toa que o desemprego chegou a quase 11%. Todos sabem que o emprego de hoje resulta do investimento de ontem. Como não houve investimento, temos de amargar o desemprego. E, sem corte de gastos públicos, continuaremos nessa estagnação do mercado de trabalho por muitos anos.
O desempenho dos principais setores econômicos em 2006 não é nada bom. Na agricultura os produtores estão sem renda, com dívidas acumuladas e pleitos não atendidos. Na indústria há apenas quatro setores que apresentam bons resultados e que respondem por 70% do crescimento industrial neste ano, a saber, equipamentos de informática; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; extrativa mineral; e refino de petróleo e produção de álcool. Os demais setores estão apresentando resultados pífios, segundo dados da CNI.
Não há o que protelar. É preciso uma grande guinada nos gastos públicos. Qualquer empresa que praticasse o expediente do governo, de gastar mais do que ganha, estaria quebrada há muito tempo. O Brasil não quebra, mas também não cresce.

Arquivo do blog