Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Editorial da Folha de S Paulo

PRESSÃO SOBRE O HAMAS

editorial
Folha de S. Paulo
1/2/2006

Algo análogo à pressão que os mercados financeiros costumam exercer sobre governos de esquerda recém-eleitos vem ocorrendo com o Hamas no Oriente Médio. O que muda é que os agentes da pressão são as principais diplomacias globais, e seu objetivo, o de moderar o grupo extremista e demovê-lo da adesão ao terrorismo.
Autoridades dos Estados Unidos e da União Européia se valem da condição de grandes doadoras de recursos aos territórios palestinos para compelir a facção islâmica a abdicar da prática terrorista. Washington e Bruxelas enviaram aos palestinos em 2005 quase US$ 800 milhões, ou 43% de todo auxílio internacional que chegou aos territórios.
Agregue-se o fato de muitas ONGs que dão dinheiro aos palestinos estarem sob a alçada regulatória da UE e dos EUA e se terá idéia do poder de pressão dessas duas potências.
É legítimo e necessário que as mais importantes diplomacias usem o poder econômico como moeda de troca nesse caso. O Hamas é uma organização terrorista que não reconhece o direito de existência de Israel. Por conseguinte, não respeita os acordos firmados entre a Autoridade Nacional Palestina e o governo israelense.
São características que excluem o grupo de qualquer relação diplomática responsável e que, portanto, justificam o corte da ajuda financeira.
Mas também é recomendável o uso do pragmatismo no manejo dessa pressão sobre o Hamas. É preciso dar chance e estímulo para que alas moderadas da agremiação islâmica sobrepujem as radicais o mais depressa possível. Desse ponto de vista, tem sido prudente a estratégia adotada pelas grandes potências. O corte de recursos ainda está mais na esfera do discurso do que na prática.

Arquivo do blog