A primeira morte simbólica do Rio de Janeiro foi em 1960, com a mudança da capital para Brasília. A segunda, em 1976, na fusão, forçada pelo governo militar, da metrópole cosmopolita com o Estado do Rio atrasado e dominado pelo coronelismo.
A terceira, em 1998, quando Lula, Zé Dirceu e Genoino intervieram no diretório carioca do PT, destituíram a candidatura de Vladimir Palmeira e se aliaram ao brizolista Garotinho, entregando o estado e a cidade para oito anos de atraso e populismo provinciano.
Brizola era gauchíssimo, nunca entendeu o Rio de Janeiro e o espírito carioca. Costeava o alambrado e passava mais tempo em sua fazenda no Uruguai do que na cidade.
Se sentia melhor no interior, mais próximo de suas raízes e metáforas rurais, terreno fér til para o crescimento do populismo trabalhista , que se apoderou do espólio do clientelismo chaguista.
O populismo provinciano de Garotinho uniu as bases brizolistas e petistas e conquistou o governo do Estado, com a massa dos votos do interior, porque na cidade do Rio de Janeiro o marido de Rosinha jamais ganhou eleição. Pior: no Rio sempre foi ridicularizado, como na sua famigerada greve de fome.
Castigou a cidade com rancor e ressentimento, além de entrar em guerra com a prefeitura e o governo federal. No meio do tiroteio, o Rio pagou o pato.
Que metrópole resistiria a dois governos Brizola e dois Garotinho/ Rosinha, com um Moreira Franco no meio? Eles teriam quebrado Tóquio, Madri ou São Paulo. O Rio de Janeiro conseguiu não só sobreviver como continuar lindo.
Não por acaso o seu nome completo é Mui Heróica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, e seu padroeiro um santo crivado de flechas.
É destino, vocação e estilo.
Porque, depois das três mortes, o destino do Rio é renascer, se reinventar como metrópole, viver sua vocação para a natureza, as artes, a convivência e a inovação. A cidade precisa desesperadamente de um novo estilo de fazer política, de tentar uma nova forma de governar democraticamente, com independência e transparência, criatividade e eficiência. Quem sabe o renascimento começa domingo?
Entrevista:O Estado inteligente
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