Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, outubro 24, 2008

O lado B da crise O GLOBO EDITORIAL,

A queda do preço do petróleo impulsionada pela crise mundial atinge em cheio três países que dependem de altas cotações do produto para manter projetos de poder de seus líderes. Trata-se da Venezuela de Hugo Chávez, do Irã de Mahmoud Ahmadinejad e da Rússia de Vladimir Putin. Uma coisa é bradar contra os EUA e bajular aliados com o petróleo a US$ 147 o barril, como há três meses. Outra é fazêlo com o barril na faixa dos US$ 70, como agora.

Chávez desafia os EUA, corteja a Rússia e abre caminho a petrodólares para seu “socialismo bolivariano”.

A farra de gastos assistencialistas internos elevou a inflação a 36% ao ano, e o próprio Chávez admitiu que seus planos dependem do petróleo na faixa de US$ 80 a US$ 90 o barril. A Venezuela já cancelou a construção de uma refinaria na Nicarágua, de seu aliado Daniel Ortega.

O Irã, que conta com a segunda maior reserva petrolífera do mundo, tem também escorado nos petrodólares sua crescente influência sobre o governo xiita do Iraque e o apoio aos radicais do Hezbollah, no Líbano, e do Hamas, na Palestina.

Além disso, a receita do petróleo compensa as sanções externas contra seu programa nuclear.

Dos três, a Rússia parece estar em melhor posição por ter aplicado suas reservas em dois fundos de estabilização.

Mas, atingida pelo lado convencional da crise, já foi obrigada a despejar bilhões de dólares para estabilizar bancos. A tendência de baixa do petróleo, em função da queda da demanda internacional, pode obrigar esses países a rever seus planos e levar suas lideranças a pensar mais seriamente na diplomacia e na negociação como forma de resolver pendências. Este seria um salutar subproduto da crise.

Arquivo do blog