27.10.2008
| 11h02m
Recordar é viver
Rio - Gabeira, um candidato na contramão
Post aqui publicado, ontem, às 14h59m:
"Uma eventual vitória de Fernando Gabeira para prefeito do Rio de Janeiro quebrará sólidos paradigmas que orientam as campanhas eleitorais desde os tempos idos.
De frente para trás: neste momento, as regiões mais densamente habitadas da cidade, principalmente as zonas norte e oeste, estão coalhadas de cabos eleitorais de Eduardo Paes, candidato do PMDB.
Onde a vigilância da Justiça Eleitoral é frouxa (quer dizer: na maioria dos lugares), faz-se boca de urna - embora ela seja proibida. Onde há vigilância, distribue-se bandeirinhas de plástico.
A campanha de Gabeira, por orientação dele, descartou o uso de cabos eleitorais no dia da eleição. Falta material de propaganda. Gabeira levou ao pé-da-letra a promessa de não sujar a cidade.
Na manhã de ontem [sábado], atrás de cartazes, dezenas de pessoas invadiram o comitê central da campanha de Gabeira na avenida Rio Branco. Os únicos que havia estavam colados nas paredes. Foram arrancados.
Paes torturou-se ensaindo para os oito debates que travou com Gabeira no segundo turno. Aluno aplicado, memorizou estatísticas, preparou perguntas capciosas e bolou respostas para tudo.
Gabeira não perdeu muito tempo se preparando para os debates. No dia do último e mais importante, o da TV Globo, passou duas horas trocando figurinhas com seus assessores - sem deixar de atender o celular.
Em uma eleição renhida, candidato bate e apanha. Gabeira só apanhou - e apanhou bastante. Prometera não atacar o adversário - e cumpriu a promessa.
Dá para ganhar eleição em uma grande cidade sem gastar muito? Gabeira apostou que sim. Aceitou doações - desde que pudesse revelar na internet o nome dos doadores e quanto cada um deu.
A mais chulé das campanhas conta com a ajuda de um marqueteiro. Gabeiro foi o marqueteiro de sua campanha. Ninguém escreveu o que ele devia dizer no rádio e na televisão - nem ele mesmo. Improvisava.
Enfrentou o candidato do presidente da República, do governador do Estado e da Igreja Universal amparado por um PSDB que no Rio é raquítico, e por um DEM que não ousa dizer o nome.
Um candidato assim pode se eleger?
Com a palavra os cariocas."