Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, outubro 24, 2008

Luiz Garcia - A nossa é melhor

São duas eleições inteiramente diferentes, não? Ora bolas, vocês diriam, claro que sim.

Aqui, estamos elegendo apenas um prefeito. É a disputa pelo primeiro degrau na escada do Executivo.

Teremos um bom prefeito ou um mau prefeito, e o mundo não prestará a menor atenção.

Depois de algum tempo, nem os nativos.

Nada será novidade. Já tivemos governos locais razoáveis e até bons — nunca o tempo todo, mas a quem vamos reclamar? Sempre que os deuses da política jogaram em cima de nós administradores medíocres e/ou mal-intencionados, esse pessoal só entrou em cena porque abrimos a porta.

No outro lado da moeda, se a escolha é a melhor possível, ela nos pertence, inteirinha. Em qualquer hipótese, acabamos tendo exatamente o que merecemos.

Lá no andar de cima do planeta, obviamente isso também é verdadeiro, mas o quadro, nestas eleições, tem outras tintas.

Como não acontece há muito tempo, o eleitor americano há algum tempo já está careca de saber que Barack Obama vai levar o grande prêmio.

Não há ironia no adjetivo. O presidente americano, em qualquer cenário, comanda a mais forte economia do planeta e o mais poderoso arsenal. Mas é fato também que o próximo morador na Casa Branca herdará pesada crise financeira.

Tão séria que produziu o que poucas semanas atrás pareceria impossível: jogou para distante segundo plano todas as demais crises — com e sem corrupção — geradas e engordadas ao longo do governo atual.

Os Estados Unidos já tiveram estadistas de alto nível na Presidência.

Mas o país não escapou de uma coleção de presidentes mais ou menos medíocres, sem falar numa quota de absolutamente execráveis.

Diversos foram alvo de ações de impeachment, embora só um, Richard Nixon, tenha chegado a renunciar para evitar o julgamento pelo Senado.

George Bush nunca correu esse risco.

É possível que merecesse, mas tinha uma proteção especial: a guerra ao terrorismo (depois substituída pela ocupação do Iraque, bem mais interessante financeiramente para diversos cavalheiros ligados à Casa Branca).

Enfim, Bush chega ao fim de seu segundo mandato (e isso independentemente da crise financeira) com seu direito de ir para casa em paz e sossego assegurado. Mas não lhe sobraram prestígio e confiança para dar fôlego ao seu candidato à sucessão. A vitória de Obama parecia garantida antes do crash financeiro — e nada mudou depois da série de debates com o senador McCain.

No fim das contas, nós aqui, nesta cidade-município bem abaixo do Equador, temos uma tranqüila eleição local que chega indefinida ao último momento. Eles, lá em cima, estão com uma agitada eleição nacional definidíssima há algum tempo.

São duas situações aparentemente imunes a comparações — mas desconfio que estamos melhor, graças a Deus.

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