Avós corujas organizam lanchinhos para até 200 pessoas,
regados a champanhe, para apresentar seus netos às amigas
Silvia Rogar
Sebastião Marinho |
CHÁ DE NETO Vovó Vanja com a filha Noélia e a pequena Maria Manuela |
É dura a vida das mães festeiras. Após celebrar os 15 anos das filhas em grande estilo e, depois, casar a prole com pompa e circunstância, o que mais fazer? Para as que sofriam com a falta de perspectiva de novos eventos, uma boa notícia: as avós agora se concentram no chá de apresentação do neto, o début do recém-nascido. Chá, claro, é maneira de dizer. Nessas festas, serve-se champanhe com acepipes dos melhores bufês, além de doces e bolos com motivos infantis. Outro item fundamental é o "bem-nascido", versão temática do bem-casado, o bolinho distribuído em casamentos. Os chás mais íntimos, como o que a socialite carioca Vanja Chermont de Britto organizou há três meses para Maria Manuela, sua primeira neta, costumam ter setenta convidadas. "É uma produção sem cara de aniversário infantil. Está mais para uma happy hour", diz Christina Lips, produtora de eventos, hoje requisitada para esse tipo de recepção por gente como Glória Severiano Ribeiro, da família de donos de cinema, que apresentou a quinta neta para 200 pessoas neste mês.
Tudo nessas reuniões leva a assinatura de badalados fornecedores de festas. O pacote completo, com direito a lembrancinhas, decoração de floristas, garçons e roupas de grife para o bebê, não sai por menos de 10 000 reais. "As avós capricham nas encomendas, gostam de tudo farto", atesta a confeiteira paulistana Isabella Suplicy. Dezessete anos atrás, Carmen Mayrink Veiga foi pioneira no assunto. Na época, a idéia não pegou. "Agora é um convite atrás do outro", diz a lendária socialite. Os chás proliferaram pela praticidade. Na geração dessas avós, as mulheres permaneciam cinco dias na maternidade depois de ter seus filhos. Era lá que parentes e amigos viam pela primeira vez o recém-nascido. Hoje, quando tudo corre bem, as mães passam só uma noite no hospital. Fica difícil cumprir a agenda de visitas, inclusive as do círculo de amizades da avó. "Em casa, filhas e noras não gostam de ser incomodadas: estão acima do peso e só pensam em dar atenção à criança. O melhor é preparar uma bela confraternização depois", diz Vanja, que organizou a festa quando a neta completou 9 meses.
A apresentação da criança em si costuma ser breve: o bebê faz algumas aparições e, depois, sai de cena. Aí são as avós que ganham o centro das atenções. "Nos casamentos de hoje, não existe mais aquela longa lista de convidados dos pais. No chá, porém, dividi minha felicidade com as amigas", diz a locomotiva Gisela Amaral, que organizou, há oito meses, um evento para a neta Maria Fernanda. Como manda a nova etiqueta, o horário foi flexível. As amigas começaram a passar à tarde, e a festa só terminou à noitinha. Assim como as anfitriãs se esmeram nos preparativos, as convidadas capricham nos presentes: Gisela contabilizou mais de 600 deles, entre vestidos, bichos de pelúcia e objetos de decoração. Isso é que é début infantil.
PERSONALIZADOS Bem-nascidos, versão bebê dos bem-casados, com o nome do homenageado |