e responsável
José Patricio/AE |
O plenário do IV Congresso Brasileiro de Publicidade: "A publicidade não causa obesidade, alcoolismo ou acidentes" |
Trinta anos depois do último encontro do gênero, foi realizado em São Paulo o IV Congresso Brasileiro de Publicidade. Durante três dias, 1 500 profissionais do setor reuniram-se para discutir temas relacionados à atividade. O debate mais candente girou em torno dos 250 projetos, em tramitação na Câmara e no Senado, que pretendem limitar campanhas de certos produtos, como alimentos com alto teor de gordura e bebida, na TV, no rádio e na imprensa escrita. O congresso aprovou uma carta de repúdio a tais iniciativas, a ser entregue a deputados e senadores. Um de seus trechos diz o seguinte: "A publicidade não causa obesidade, alcoolismo ou acidentes de trânsito. É ela que viabiliza, do ponto de vista financeiro, a liberdade de imprensa e a difusão de cultura e entretenimento para toda a população". Além disso, os publicitários apoiaram a criação da Frente Parlamentar da Comunicação Social, destinada a combater a sanha regulatória que deseja pôr obstáculos à circulação de informações no âmbito da propaganda.
Os freios externos à publicidade originam-se numa visão que tanta ruína já causou, segundo a qual o estado deve proteger o indivíduo dele próprio. Trata-se de verdade parcial. É salutar que a Constituição estabeleça ser da alçada das leis federais impor eventuais restrições à propaganda de tabaco, álcool, agrotóxicos, medicamentos e terapias. Mas coisa bem diferente é proibir, sem mais nem menos, a publicidade de tais produtos – e encarar como propaganda até mesmo o que é pura informação. Nesse caso, configura-se, inclusive, a censura à imprensa, um dos pilares da democracia. Os publicitários brasileiros já deram um exemplo de que têm juízo e não necessitam de férreos controles externos. No III Congresso, criaram o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária, que há trinta anos coíbe abusos e responde às demandas dos cidadãos, que, se podem escolher o presidente da República, também são capazes de fazer as escolhas certas no supermercado, sem que ninguém os dirija. Como resumiu Roberto Civita, presidente da Editora Abril e editor de VEJA, em seu discurso no IV Congresso: "Numa sociedade que ainda guarda na memória os tempos negros da ditadura e da censura, o futuro depende de que o exercício dessas liberdades por todos nós, como jornalistas, publicitários, homens de comunicação, leitores, eleitores e cidadãos, seja dosado pelo bom senso, pelo autocontrole e, principalmente, pela responsabilidade".