Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 19, 2008

MILLÔR

Antigamente as paredes tinham ouvido. Com a tecnologia de hoje as portas têm ouvidos, as fechaduras têm ouvido e a PF escuta até o vaso sanitário.

10 JANHOTAS

I. O fato é que não podemos mais ser tematizados por tecnocratas.

II. Nem devemos nos deixar ser sonorizados por salpingoscópios.

III. Pois é impossível juntar o come-quieto com o inapetente.

IV. Ou o purgativo com o resultado.

V. O absurdo com o abmudo. E até mesmo com o abcego.

VI. E nem pensar no Lenga-Lenga com o Deixa-Que-Eu-Faço.

VII. O íncubo com o Súcubo.

VIII. O coaxante com o grugulhante.

IX. Pois, enquanto isso, o nosso King of the black sweet-meat made of coconuts (Lula agora sabe que quando ele fala que é O Rei da Cocada preta tem sempre um tradutor a postos pra botar a coisa na outra língua. Exato, chefe. Mas eu quero ver eles na China botarem isso em mandarim) está sempre na televisão, revelando, mostrando e explicando como é que conduz o Brasil à salvação definitiva e à Glória Eterna.

X. Pois, como disse o Juiz do Supremo de Frango: "Eu sei muito bem que todo homem é inocente até prova em contrário". Mas, pela cor da pele desse cara e dos andrajos que veste, eu já tenho todas as provas em contrário. Mandem entrar o banqueiro!


Adendo.

Há bem pouco tempo.

Todas as manhãs os moradores do extenso quadrilátero de Laranjeiras, que compreende a vizinhança da Comunidade Pereira da Silva (considerada a favela com melhor qualidade de vida e de menor criminalidade do Rio), o luxuoso espaço chamado Parque Guinle, o palácio Laranjeiras (onde mora a governadora e seu marido, secretário de Segurança), esses moradores, ali e nas ruas próximas, ficam extasiados ouvindo as palavras de ordem gritadas por soldados do Bosque em marcha. Palavras que vociferam aos quatro e até mais ventos enquanto fazem o cooper pelas ruas do bairro.

Num domingo, estou lembrando, fui acordado com a seguinte pérola da nossa Marselhesa:

"Bandido favelado não se varre com vassouras/ se varre com granadas, com fuzil-metralhadora"; e mais "O interrogatório é fácil de fazer/ se pega o favelado/ e dá porrada até doer".

Continua: "O interrogatório é fácil de acabar/ se pega o bandido e dá porrada até matar".

Como tais amostras inequívocas de respeito local aos direitos humanos, fico imaginando quanto nossos secretários de Segurança adoram esse rap do Bope. Ou têm em seu lar uma especial proteção acústica.

Portanto nem podemos nos admirar de chegar onde chegamos. Olha, eu não sei. Diz aí: onde é que chegamos?

Enquanto isso, na praça dos Três Phoderes...

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