Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 05, 2008

A Holanda proíbe cigarro, mas permite maconha

Parece piada

A Holanda proíbe cigarro, que faz mal e paga imposto.
Mas permite maconha, que também faz e vem do narcotráfico

Um dos últimos países da União Européia a pôr a lei comunitária em vigor, a Holanda, esgotados todos os quatro anos e seis meses de prazo para aderir, enfim capitulou: desde 1º de julho, é proibido fumar em bares, cafés e restaurantes. Quer dizer, fumar cigarro comum, de tabaco. Consumir maconha e haxixe continua podendo. A legislação propriamente não permite, mas o governo faz vista grossa e as drogas são vendidas e consumidas, na quantidade máxima de 5 gramas por pessoa, nos cerca de 750 cafés da Holanda (metade em Amsterdã). Praticamente uma atração turística no país, esses estabelecimentos são beneficiados pela chamada gedoogbeleid, a política de tolerância do Ministério da Justiça em relação às chamadas drogas leves. Há um problema, porém: o baseado mais comumente vendido nesses locais mistura tabaco e maconha. Os cafés estão oferecendo outras combinações como alternativa, mas não sabem se serão bem aceitas. "O mundo virou de cabeça para baixo", diz Jason den Enting, gerente do café Dampkring. "Nos outros países, a fiscalização vai atrás de maconha no cigarro de tabaco. Aqui, vai atrás de tabaco no cigarro de maconha."

É uma situação paradoxal, a da Holanda. O tabaco, proibido nos cafés, é fabricado legalmente por uma indústria que dá empregos e paga impostos. Já a Cannabis, que também faz mal à saúde... Embora os cafés possam, pela mesma lei não escrita, estocar até meio quilo de maconha e haxixe para oferecer a seus clientes, a importação de grandes volumes de qualquer tipo de droga é atividade proibida, combatida e punida (no caso das leves, a pena máxima é de quatro anos de prisão). É vetada, ainda, a produção local de maconha – um projeto que autorizava o plantio experimental no país foi derrubado pelo governo há um ano. Resultado: a erva fumada nos cafés holandeses vem do narcotráfico, por caminhos ilícitos (a maior parte do Marrocos, fornecedor de 80% da maconha vendida na Europa). Esse é o produto que os freqüentadores podem consumir sem problema, sentados em mesinhas, diante de uma xícara de café e lendo o jornal. Mas tabaco, não. É ou não um espanto?

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