Na economia mundial, os efeitos da crise subprime persistem. Nos Estados Unidos, crescem as estatísticas de devolução de financiamentos habitacionais e os bancos enfrentam forte inadimplência. Mas não há pânico.
A novidade ruim é a estirada da inflação, empurrada pelos choques do petróleo e das commodities. O barril é negociado a US$ 145 ou 51% acima do seu preço ao final de 2007. No mesmo período, os alimentos encareceram 29% e as commodities metálicas, 18%. A inflação voltou com força tanto no mundo rico como na periferia. E os bancos centrais passaram a ter problemas para encurralá-la na meta. Tirando os emergentes, a atividade econômica global está no devagar-quase-parando.
Apesar da retórica em contrário das autoridades americanas, o dólar está cada vez mais fraco. Nos últimos seis meses, perdeu 6% para o euro. E o raquitismo serviu de pretexto para novas altas das commodities.
O Brasil continua bem na foto. O crescimento do PIB é moderado (cerca de 5% ao ano), mas consistente. As perspectivas de prazo longo melhoraram substancialmente. As reservas externas ultrapassam os US$ 200 bilhões. Agora sabemos que o pré-sal tem fartura de petróleo só imaginada antes por geólogos sonhadores. E, no meio da escassez de alimentos, o País é visto como cenário da solução. É uma das razões pelas quais, nos cinco primeiros meses do ano, recebeu US$ 14 bilhões em Investimentos Estrangeiros Diretos, 33% acima do mesmo período de 2007. Desde 30 de abril, a dívida soberana é grau de investimento e isso mudou a percepção do mundo sobre a economia.
Mas um punhado de problemas há seis meses não estava nos radares. A inflação, que provavelmente passará do último andar, ameaça trazer de volta a reindexação. O problema aí não é a explosão externa dos preços das commodities; é o governo que teima em gastar demais. Suas despesas correntes crescem mais de 12% no ano. Os juros continuam "os mais altos do mundo", mas comandam remuneração negativa na maioria das aplicações financeiras, o que é ruim, porque estimula as compras.
O dólar roda na casa de R$ 1,60, patamar mais baixo desde 1999. Mas isso tem mais a ver com sua fraqueza do que com a força do real. E é um dos principais fatores a contribuir para o aumento do déficit em Conta Corrente, flanco que se fragiliza. O outro é o aquecimento do consumo interno, que puxa as importações à proporção de 44% em 12 meses.
Mas a situação geral não é apenas boa; é também promissora. Os últimos seis meses foram os que mais jogaram foco no ?B? que encabeça a sigla Bric, nova atração dos analistas internacionais.