De Rosa Costa em O Estado de S.Paulo, hoje:
"O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e os 32 integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) que depredaram a Câmara dos Deputados têm algo em comum. Todos foram beneficiados por decisões do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal.
Aos 30 anos, Soares Leite é substituto da juíza Fátima de Paula Pessoa, mulher do advogado-geral da União, Álvaro Ribeiro Costa.
Contrariando o Ministério Público nos dois casos, ele proibiu a quebra do sigilo telefônico do ex-ministro, alegando que "não há indício de participação do ex-ministro na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa". A Polícia Federal, ao contrário, trabalha com a hipótese de que o ex-ministro ordenou a violação do sigilo do caseiro, conhecido como Nildo. O ex-ministro está em campanha para se eleger deputado federal por São Paulo. Ele é alvo de pelo menos 30 inquéritos civis e criminais.
No caso do MLST, Ricardo Augusto Soares Leite mandou soltar o líder do movimento, Bruno Maranhão, e seus subordinados mais próximos, alegando que a quebradeira teria sido evitada se eles tivessem sido atendidos pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), para discutir "uma pauta de reivindicações"."
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"Cinco meses depois de denunciar, em entrevista ao Estado, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, afirma que está decepcionado com o País. Ele diz que, em vez da punição dos culpados, está ocorrendo o contrário - Palocci e os demais envolvidos em escândalos em plena campanha, sem nenhum tipo de reação dos brasileiros.
"Parece que quem fala a verdade perde e quem mente ganha", desabafa Nildo. Da sua parte, o caseiro acha que saiu prejudicado pelo fato de revelar que Palocci freqüentava mansão no Lago Sul de Brasília, alugada por um grupo de lobistas de Ribeirão Preto. Após a denúncia, o sigilo da conta de Nildo na Caixa Econômica Federal foi quebrado a mando de Palocci, segundo investigação da própria Polícia Federal."
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Juiz salva Palocci e MLST
ESTADO
Soares Leite proibiu quebra do sigilo telefônico do ex-ministro e mandou soltar líder e integrantes do movimento
Rosa Costa
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e os 32 integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) que depredaram a Câmara dos Deputados têm algo em comum. Todos foram beneficiados por decisões do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal.
Aos 30 anos, Soares Leite é substituto da juíza Fátima de Paula Pessoa, mulher do advogado-geral da União, Álvaro Ribeiro Costa.
Contrariando o Ministério Público nos dois casos, ele proibiu a quebra do sigilo telefônico do ex-ministro, alegando que "não há indício de participação do ex-ministro na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa". A Polícia Federal, ao contrário, trabalha com a hipótese de que o ex-ministro ordenou a violação do sigilo do caseiro, conhecido como Nildo. O ex-ministro está em campanha para se eleger deputado federal por São Paulo. Ele é alvo de pelo menos 30 inquéritos civis e criminais.
No caso do MLST, Ricardo Augusto Soares Leite mandou soltar o líder do movimento, Bruno Maranhão, e seus subordinados mais próximos, alegando que a quebradeira teria sido evitada se eles tivessem sido atendidos pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), para discutir "uma pauta de reivindicações".
"Essa situação de prévio agendamento da manifestação a ser realizada no Congresso enfraquece a tese de que os representantes do MLST foram à Casa Legislativa com o intuito de cometer crimes", defende o juiz-substituto, mesmo depois de divulgadas cenas filmadas em que os membros do MLST aparecem acertando a tática de ataque à Câmara.
Procurado pelo Estado, Soares Leite mandou dizer que não comenta sua decisão favorável a Palocci por se tratar de um documento sigiloso.
O certo é que, em seis laudas, é apenas contundente no que se refere ao ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e ao ex-assessor de Imprensa do Ministério da Fazenda Marcelo Netto, aos quais acusa de terem engendrado toda a trama para violar o sigilo do caseiro, à revelia de seu superior, Palocci.
O juiz autorizou a quebra do sigilo telefônico de Marcelo. Quanto a Palocci, afirma: "Consigne-se, ainda, que o próprio Antonio Palocci afirmou no seu depoimento na Polícia Federal que se mostrou indignado pela publicação da matéria acerca dos extratos bancários de Francenildo, tendo inquirido o senhor Marcelo Netto a respeito de sua participação nesta divulgação, circunstância que reforça, a princípio, seu não envolvimento com a divulgação do extrato de Francenildo."
Sobre Mattoso, o juiz afirma não ter dúvida da sua participação. "Aliás, pelo depoimento do senhor Antonio Palocci na Polícia Federal, verifica-se que o senhor Jorge Mattoso, de forma independente, emitiu os extratos bancários do caseiro Francenildo, repassando-os, logo em seguida, ao então ministro da Fazenda."
DENÚNCIA
Em março, Nildo disse que Palocci frequentava mansão em Brasília - na qual trabalhava como caseiro - e onde era feita partilha de dinheiro. O escândalo causou a saída de Palocci do Ministério da Fazenda.
Nildo diz que denúncia foi em vão
ESTADO
Ex-caseiro da casa do Lago Sul afirma que acusados estão livres e admite: não sabia que Palocci era tão poderoso
ROSA COSTA
Cinco meses depois de denunciar, em entrevista ao Estado, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, afirma que está decepcionado com o País. Ele diz que, em vez da punição dos culpados, está ocorrendo o contrário - Palocci e os demais envolvidos em escândalos em plena campanha, sem nenhum tipo de reação dos brasileiros.
"Parece que quem fala a verdade perde e quem mente ganha", desabafa Nildo. Da sua parte, o caseiro acha que saiu prejudicado pelo fato de revelar que Palocci freqüentava mansão no Lago Sul de Brasília, alugada por um grupo de lobistas de Ribeirão Preto. Após a denúncia, o sigilo da conta de Nildo na Caixa Econômica Federal foi quebrado a mando de Palocci, segundo investigação da própria Polícia Federal.
Ele lamenta que, pela primeira vez, desde os 11 anos, está desempregado. "A gente telefona, mas na hora que digo o meu nome, perguntam se sou o caseiro da casa de Ribeirão. Quando digo que sim, desconversam, ficam de ligar de volta e a coisa fica por aí", relata. "Não dá para ficar parado."
O caseiro informa que foi preterido para uma vaga de vigia numa embaixada, justamente porque foi alvo de investigação da PF. Enquanto isso, Nildo está se mantendo com a ajuda dos irmãos e com o restante dos R$ 25 mil que recebeu de seu pai biológico, Eurípedes Soares. Dinheiro que ele pensava em usar na compra de uma casa.
"Na situação de hoje do Brasil, a verdade só serve para a gente ensinar aos filhos e não para praticar", queixa-se o ex-caseiro da mansão do Lago Sul. Se soubesse que a sua situação ficaria tão difícil, Nildo sustenta que teria pensando duas vezes antes de relatar tudo o que sabia a respeito do ministro. "Eu sabia que ele era poderoso, mas não tão poderoso assim."