Panorama Econômico |
O Globo |
29/8/2006 |
O candidato Cristovam Buarque passou, durante as três horas em que esteve aqui no jornal, a idéia de que não tem muito a perder sendo candidato: continuará senador por mais quatro anos; o PDT ficou na mídia durante todos estes dias, em entrevistas e debates, e ele "planta a sementinha" da educação. "Onde eu chego, as pessoas vão logo falando em educação; às vezes, nem falam Cristovam." Cristovam admite frustração com o fato de não ter melhorado em nada a sua marca. Ele tem o mesmo 1% que tinha quando não era ainda candidato. - Acho que o Ibope errou, eu não tinha 1% de preferência; eu tinha 1% de adeptos que continuam comigo - disse. Cristovam está certo no tema principal. O Brasil sempre desprezou a educação. Esse erro fundador contaminou outras áreas da vida do país e tem apequenado nosso destino, mas seu desempenho no Ministério da Educação deixou a desejar. Foi isso que perguntei: o acerto do discurso, os erros da execução como ministro. Ele defendeu a sua gestão, evidentemente, mas ela deixou um saldo magro. Na época, ele propôs, como prioridade, acabar com o analfabetismo, alfabetizando "20 milhões de brasileiros" em quatro anos. Não havia 20 milhões de analfabetos e, sim, cerca de 15 milhões. Hoje continua o mesmo número, sem grandes diferenças. Num país em que 18% dos jovens de 15 a 17 anos já saíram da escola e só 18% terminam o ensino médio, é claro que a prioridade na educação tem que ser manter todo o adolescente na escola. Da mesma forma que, nos anos 90, o objetivo foi pôr toda criança de 7 a 14 anos na escola. Cristovam não reconhece o avanço conseguido no governo anterior, que foi a quase universalização da educação para crianças de 7 a 14 anos. Mas esse foi um passo gigante. Ele deveria ter se concentrado no passo seguinte. Mas, como ministro, teve 31 objetivos e os perseguiu aleatoriamente, não conseguindo ter um bom resultado para apresentar. Ele ficou apenas 13 meses no Ministério, mas seus primeiros passos foram muito controversos. Cristovam critica os outros concorrentes dizendo que eles estão propondo apenas aspirinas. Porém as aspirinas que ele propõe trazem um perigoso efeito colateral: o aumento do gasto público. Foi o que Tereza Cruvinel perguntou: ele afirma que apóia o ajuste fiscal mas, no Ministério, dizia que era preciso criar a demanda que o dinheiro aparecia. Cristovam tem, em outras áreas, propostas que aumentam gastos públicos: quer criar o Ministério da Educação Básica, quer criar uma Polícia Federal especializada em combate à sonegação, quer dar incentivo fiscal para quem constrói hidrelétricas. Em qualquer área, ele tem idéias que aumentam ou a burocracia, ou o gasto ou a renúncia fiscal. O candidato tem razão de dizer que o Brasil tem indicadores indigentes na área educacional; que parte da nossa vasta desigualdade vem do desprezo pela educação que se seguiu a quase quatro séculos de escravidão; que o reflexo dos dois problemas se vê na cara da elite brasileira que é monocromática, num país multiétnico. Quando critica o PT e o presidente, o faz com palavras duras, apesar de, em nenhum momento, passar raiva ou rancor. - O presidente Lula foi conivente com a corrupção. Não o acuso diretamente porque não tenho provas, mas ele errou por conivência ou omissão. Lula é culpado, por isso não vai aos debates; para não ter que se explicar. Estando certo ou errado, Cristovam tem contribuído para tornar a campanha deste ano um pouco mais densa. Mesmo quando propõe o remédio errado ou constrói um raciocínio discutível, ele ajuda a pôr o dedo numa velha ferida nacional. E, como ele disse, não tem nada a perder sendo candidato. Nem os eleitores. Pelo contrário. |
Entrevista:O Estado inteligente
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