FOLHA
VINICIUS TORRES FREIRE
Principal meta do plano do governo Lula 2 é desconversar até que a reeleição esteja ainda mais do que garantida
NÃO FAZER marola é a meta mais expressiva do programa Lula 2006, divulgado ontem. Nada de balançar a barca lulista enquanto Alckmin se afoga na sua campanha também rasa de idéias. O programa lulista é econômico.
Econômico no debate dos fatos de questões reais e perdulário na desconversa para não desagradar ninguém. De mais interessante é a maneira como se dá o retorno do esquerdismo reprimido na carta de intenções do lulismo de 2006.
Como no presente não há idéia nova de esquerda e o esquerdismo doidivanas está sepultado nas bases, o programa de Lula critica o passado, em especial FHC, com seu velho arsenal econômico doidivanas. No futuro projeta uma névoa de intenções politicamente corretas, "small is beautiful", sobre igualitarismo social, racial e sexual, cooperativismo, terceiro-mundismo e outros temas que não batem de frente com o conflito social e econômico duro e cru. O governo FHC foi de "submissão" ao "capital financeiro" e no "plano internacional"; "privataria". Submissão à finança? Sob FHC 1, os juros pagos foram 6,5% do PIB.
Sob FHC 2, de 8%. Sob Lula 2004-05, 8% do PIB. Privatizações? O PT quer revê-las? Não iria privatizar estradas federais? Não quer fazer parceria público-privada? A política terceiro-mundista e neomercantilista do Itamaraty resultou em algo além de uma tunda da China? Prometem juros em queda, o que é impossível prever. O governo pode definir a meta de inflação, só. Foi esse o grande plano econômico de Lula 1, a meta apertada, uma desinflação radical, em curto prazo, que determinou boa parte de sua política de gasto público, para não falar do câmbio, preço básico da economia. Lula 2 promete aumentar o salário mínimo acima da inflação. Promete dedicar mais partes do PIB à educação. Mais para o investimento público em infra-estrutura social.
De resto, há a promessa de misteriosos "fundos setoriais", que financiariam indústrias e infra-estrutura econômica. Com tudo isso, a idéia é aumentar a taxa de investimento de 20% para 25% do PIB.
A maior parte dos fundos setoriais existentes já é retida para o superávit primário. "Fundos setoriais novos" significa mais imposto? De onde tirar o dinheiro do aumento do salário mínimo? Do investimento?
Nem se discute se tais planos prestam: o problema aqui é prioridade. O investimento federal ficou na média de 0,8% do PIB nos governos FHC e Lula, ínfimo, um décimo da conta de juros. A imensa dívida deixada por FHC é a culpada-mor? É. Mas promessas não pagam dívidas.
E se os juros caíssem? Bom. Mas, se a mão divina cortasse pela metade a despesa atual com juros, isso pagaria mais ou menos o aumento de gastos sob Lula. Não basta.
No programa não se pensa em como evitar que a China dizime a indústria. Ou como evitar que a desigualdade de renda diminua à base de redistribuição de escassez. Ou como reter empresas que fogem para países com comércio mais aberto. Em como o Estado ainda pode atuar na economia de modo relevante, incrementando ciência e tecnologia. O programa do lulismo é Lula: uma candidatura personalista, quase tão oca como a dos tucanos.
Entrevista:O Estado inteligente
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