crer, ou da desinformação, como às vezes se desconfia? É indiscutível
que jamais as pessoas se informaram tanto quanto agora, em termos de
quantidade, rapidez e qualidade. Mas não sabe ao certo como são
recebidas as mensagens transmitidas sem cessar, a todo momento o que
aceitamos e o que rejeitamos. O debate ganhou atualidade diante de um
enigma que ainda não encontrou resposta: por que, apesar da avalanche
de denúncias da imprensa contra ele e seu governo, Lula continua à
frente das pesquisas, pelo menos até agora? Os jornalistas e
colunistas políticos mal disfarçam uma justa frustração e um certo
(re)sentimento de derrota. É como se todo o seu trabalho tivesse sido
inútil. De que adiantaram tantas críticas acusações? Quase como
consolo, costuma-se atribuir o fenômeno aos segmentos "menos
esclarecidos" da população, os que não lêem jornais.
Será que é isso? Além de ser uma alegação elitista, que lembra a
desculpa dos políticos quando perdem — a culpa é do povo, que não
sabe votar ela não se sustenta. Primeiro, porque Lula não chegou aos
50% das intenções de voto contando só com esses eleitores. Depois,
porque os tais segmentos podem não ter acesso aos jornais e à
internet, mas vêem televisão, e esta teve papel importante na
revelação dos escândalos. Não desconheciam o que a mídia divulgava.
Talvez conhecessem até demais.
Outro dia assisti a um seminário na Academia Brasileira de Letras em
que alguns colegas de profissão se dividiram quanto à questão. Houve
quem contrariasse a opinião predominante e afirmasse que, no fundo,
somos a sociedade da desinformação.
Um exemplo fez sucesso na platéia: "Se fôssemos da informação, Lula
não seria reeleito, seria preso." O debate foi proveitoso, mas não
desfez a dúvida, talvez porque o processo encerre um paradoxo.
Ao ser informativo em excesso, acaba desinformando.
A torrente de imagens, sons, palavras, idéias e conceitos emitidos
está chegando ao destino como ruído e não como mensagem. Informação
demais, como tudo, causa indigestão.
É uma hipótese. A outra é que nós, jornalistas, se não somos
irrelevantes, devemos, pelo menos, perder um pouco da nossa mania de
grandeza e da soberba de achar que fazemos a cabeça dos outros.
Em matéria de preferências políticas, há mais livre arbítrio do que
se pensa. Nada mais impróprio do que nos chamarem de "formadores de
opinião" (de minha parte, não formo nem na minha casa), quando não
somos nem "reformadores". No máximo, "reforçadores". Nunca soube de
alguém dizendo: "Penso assim, mas estou querendo mudar de idéia." Com
exceção dos indecisos, os que nos procuram é para confirmar uma
convicção, não para mudá-la.