Panorama Econômico |
O Globo |
25/8/2006 |
A Volkswagen do Brasil prepara as demissões da sua maior, mais antiga e emblemática fábrica de Anchieta porque sua diretoria tem que ir para uma reunião em setembro, na matriz, com a empresa saneada. O sindicato dos trabalhadores vê conspirações políticas por trás da decisão. Pouco provável. Um dos problemas da Volks é que este ano ela vai exportar 69 mil automóveis a menos. A possibilidade de demissão de milhares na Volks, embora seja ela mesma um grande problema, é apenas a ponta do iceberg de um mercado que está se reestruturando mundialmente. A exportação brasileira tem que competir com a China, onde se pagam salários menores e o câmbio é muito mais favorável. Em 2005, a Volks exportou 265 mil veículos; neste ano, deverão ser 196 mil. Além disso, os próprios carros chineses devem estar desembarcando por aqui em breve. Nos últimos anos, automóveis foi o principal produto entre os manufaturados na exportação brasileira. De 1998 para cá, sempre esteve entre os cinco primeiros na lista geral das vendas para o exterior - com exceção de 1999, quando foi o 11º. Atualmente, é o terceiro item, com participação de 3,72%. E o setor equivale a 5% do PIB. Como parte do crescimento dos últimos anos foi para exportar, a queda nas vendas e a redução da rentabilidade bate diretamente nos números da empresa. Em 1997, no auge do real, a produção de automóveis chegou a 2 milhões de unidades e o país atraiu um caminhão de investimentos. No ano seguinte, a crise começou, a produção caiu e voltou a subir. Hoje bate recorde, mas precisa do mercado externo. A ociosidade do parque industrial aqui é alta: na América do Sul (que significa principalmente Brasil), ela é de 33%, enquanto a média mundial é de 21%. Nesse cenário, os carros chineses estão chegando. A produção da China vai concorrer com os automóveis brasileiros no mercado automobilístico global e também no interno, este sim, crescendo em 2006. Como contam com escala de produção, mão-de-obra barata, acesso às matérias-primas e câmbio artificialmente favorável, os chineses estão fazendo automóveis bastante competitivos. O parque industrial automobilístico lá vem crescendo bastante. No primeiro trimestre, as vendas para o exterior aumentaram 140%; foram 620 mil unidades, um pouco menos do que deve exportar o Brasil no ano todo. - Daqui a 10 anos, este mercado será dos chineses. Digamos que eles estão transformando os carros em commodity - afirma Fabio Silveira, da RC Consultores. Hoje o maior exportador de carros leves é o Japão. Com os altos preços dos combustíveis e preocupações ambientais, o consumidor está preferindo os carros japoneses, mais compactos e econômicos, em vez dos grandes furgões produzidos pela indústria americana. Ásia e Oceania respondem por quase 40% da produção mundial. Na América do Sul, produz-se o equivalente a um décimo dos carros feitos nestes dois continentes. No caso do Brasil, as nossas exportações cresceram bastante nos últimos anos: 21% em 2004, 24% em 2005. Mas, neste 2006, a expectativa é de que caiam cerca de 10%. A produção continuará em alta, em torno de 5%, mas alimentada mais pelo mercado interno. - Com a questão do câmbio e a mão-de-obra mais cara, as montadoras estão preferindo produzir no México e na Argentina - diz Sérgio Vale, da MB Associados. - Está tão caro aqui que vale a pena deixar uma fábrica sem produzir. As plantas estão indo para a Argentina - concorda Fabio Silveira. A Volks diz que justamente para não fechar uma das suas cinco fábricas é que é preciso fazer a reestruturação que implica as demissões. Mas, de fato, a má fase de grandes montadoras ocidentais não é caso exclusivo do Brasil; é mundial. Ford e GM já anunciaram demissões, cada uma, de 30 mil funcionários nos próximos anos. A China já é hoje o terceiro maior país em licenciamento de automóveis. Lá a demanda interna por carros tem crescido muito, mas a produção tem crescido ainda mais. Ou seja, vai sobrar automóvel barato no mundo. Em 2007, a expectativa é de que a capacidade de produção lá chegue aos 6,4 milhões, com uma demanda de 3,1 milhões. Na próxima década, eles já deverão estar produzindo 10, 12 milhões de unidades, acredita Fabio Silveira. As principais montadoras chinesas - SAIC, FAW, DF - estão dobrando sua produção entre 2003 e 2007. As montadoras internacionais, como a própria Volks, que deverá produzir na China 1,6 milhão de automóveis já no ano que vem, GM e Toyota, também estão aumentando bastante a sua produção no país. Tradicionalmente, o Brasil não é um grande comprador de carro importado, eles são 10% da frota. Uma das dificuldades é a alíquota de importação de 35%. Mas, na análise de Fabio Silveira, isso pode mudar: - Estes carros chineses tendem a sair tão baratos que podem encontrar mercado, mesmo com a cobrança; tanto que eles já estão batendo nas portas aqui no Brasil - conclui. O Brasil tem o trauma do Lada: carro importado barato e ruim. Pode ser o caso de alguns destes automóveis de indústrias chinesas. Porém, há também as grandes montadoras internacionais que foram para lá e poderão exportar para o mundo inteiro aproveitando-se dos baixos custos chineses. |
Entrevista:O Estado inteligente
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