Dora Kramer - Um indignado de plantão Simon: se for reeleito, ou Lula muda o padrão, ou começa novo mandato 'no chão' |
O Estado de S. Paulo |
27/8/2006 |
Há muito decepcionado com o presidente Luiz Inácio da Silva, a quem apoiou com entusiasmo e veemência, desconsolado com os rumos do seu PMDB - "Hoje nas mãos de gente processada pelo Supremo Tribunal Federal" -, o senador Pedro Simon, uma espécie de indignado de plantão, ficou particularmente chocado com a posição do grupo de artistas que menospreza a ética como valor a ser adotado na política. "Algumas de nossas lideranças artísticas já foram mais afinadas com a sensibilidade nacional, nos tempos mais duros da ditadura. Era o tempo em que um grande poeta, com elegância e premonição, avisou ao general de plantão: 'Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.' Na memorável campanha das Diretas-Já , que arrastou para as ruas multidões nunca vistas na história brasileira, o refrão que embalava a nossa luta era: Todo artista está onde o povo está." Apesar do desencanto, Simon guarda esperança na possibilidade de que haja reação, não só de artistas, mas também de políticos, em favor da preservação da conduta ética, a despeito "do caos que nos cerca". Ele gostaria, na verdade, que a iniciativa partisse do presidente Lula, caso seja mesmo reeleito. O senador não vê sinais de disposição à mudança num segundo período, mas alerta para a necessidade de mudança de padrão de comportamento e convivência no governo em prol da própria preservação do mandato. "Se o Lula não mudar, se não adotar a seriedade como atributo primordial, vai começar o segundo governo como está terminando o primeiro, no chão." Mas e a popularidade dele, não está no alto? Na opinião do senador Simon, mesmo ganhando a eleição, essa situação favorável não vai perdurar por muito tempo. "Ele será inevitavelmente cobrado a dar respostas que ainda não foram dadas. Ainda mais se continuar na companhia dessa gente, Renan Calheiros, José Sarney, Jader Barbalho, Romero Jucá", cita, coincidentemente todos de seu partido, o PMDB. Pedro Simon aponta para dificuldades já na montagem da equipe de governo e na base de apoio no Congresso. "Como fará, se já não tem autoridade para montar, como fez há quatro anos, um ministério cheio de derrotados e apaniguados nem pode recorrer aos mesmos métodos para cooptar apoios nos partidos?" A resposta, na opinião dele, estaria na opção preferencial pela elevação do nível de qualidade. "Ou faz isso ou vai enfrentar uma crise atrás da outra." Simon não vê a proposta de entendimento nacional como uma solução possível. "A menos que Lula aceitasse mudar o padrão. Se não fizer, só quem aceitará a mão estendida serão os vigaristas de sempre." O senador não crê na hipótese de vitória de Geraldo Alckmin e credita a carência de entusiasmo do público com a principal candidatura de oposição à "falta de credibilidade" do PSDB e do PFL. Mas o segredo da dianteira de Lula, na opinião de Pedro Simon, está baseado em três tipos de posturas, para ele "cínicas", muito em voga: "Há o cidadão para o qual vale tudo no jogo pelo poder; há outro que julga que não se pode fazer política sem sujar as mãos; e, por fim, há quem diga que todos os meios são válidos, se o fim é nobre." Exatamente como os artistas que, no entender de Simon protagonizaram "um espetáculo de constrangimento nacional". O senador reconhece que boa parte da responsabilidade se deve ao comportamento da classe política. "Esta nunca esteve tão mal aos olhos da população" por causa de escândalos de roubo e corrupção. "Isso, no entanto, não justifica a adoção de posturas cínicas ou autoritárias no campo da política." Tudo igual? Wagner Tiso admite não estar preocupado com a ética do PT "ou com qualquer tipo de ética". Logo, não deve se importar que lhe pirateiem os CDs. Prazo de validade Em terceiro lugar na disputa paulista, Orestes Quércia é partidário da tese da paz como conseqüência da vitória. Mesmo avisando que ele integrará a oposição se Lula for reeleito, Quércia aposta que seu partido irá majoritariamente para a base de apoio do presidente. Mas é um apoio com prazo de validade. De mais ou menos uns dois anos. A partir daí, na opinião dele, se desfaz o cenário da parceria para entrar em cena o embate eleitoral com vistas a 2010. |
Entrevista:O Estado inteligente
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