- Luneta - UOL blog 30/04
A plataforma P-50 a caminho de Campos, pronta para entrar em ação (Foto Petrobrás)
O petróleo é nosso
A auto-suficiência em petróleo é um feito a ser comemorado pelos brasileiros, porque se trata de uma epopéia com final feliz como poucas no mundo. Quando a campanha do 'petróleo é nosso' ganhou as ruas, mais de meio século atrás, liderada entre outros pelo escritor Monteiro Lobato, poucos poderiam imaginar, de fato, que o país um dia produziria o suficiente para se abastecer e ainda exportar. Para aumentar o ceticismo, o Relatório Link, do geólogo americano homônimo, decretara que o subsolo brasileiro oferecia chances praticamente nulas de conter o desejado ouro negro.
Mesmo assim, Getúlio Vargas criou a Petrobrás, a qual encontrou petróleo aqui e ali, no subsolo do Nordeste. Houve explosões de contentamento, mas logo se viu que não eram grandes jazidas. Link estava certo? Tudo não passava de uma bravata, da manifestação de um nacionalismo ingênuo e bobo? Foi então que os engenheiros da Petrobrás desenvolveram a tecnologia de buscar o petróleo no fundo do mar. E aí a história mudou.
Tecnicamente, a auto-suficiência pode ser discutida porque, como o petróleo encontrado aqui é quase só do tipo pesado, o Brasil provavelmente nunca se livrará de importar uma parte do que consome de outros países. Mas isso é um detalhe sem muita importância. O gasto com importações pode ser coberto com a receita das exportações de derivados e óleo cru. O jogo fica empatado.
A Petrobrás, legítimo símbolo do orgulho nacional hoje, poderia ter levado o país à auto-suficiência mais cedo. Só não o fez porque foi usada politicamente pelo governo do Lula-lá. Perdeu dinheiro e atrasou suas pesquisas.
Leia-se o que publica hoje o jornal americano The Wall Street Journal. Sob o título Auto-suficiente ou maleável?, o jornal diz que no governo Fernando Henrique a Petrobrás cresceu 12% ao ano, em média. No governo Lula, o crescimento caiu para 5%. E mais: que por deixar de tomar decisões técnicas, por interesse político, aparelhada que foi pelo PT, a empresa teve um prejuízo de cerca de 7,8 bilhões de reais desde janeiro de 2003. As perdas foram causadas pelo fato de a Petrobrás não ter reajustado os preços dos derivados no país como deveria, acompanhando a alta do petróleo no mercado internacional.
Para escrever isso, os americanos não devem estar sabendo que um aumento maior na gasolina atrapalharia os planos do governo Lula de se mostrar como um campeão do combate à inflação. Ou seja, para o governo petista, não importa trair a memória dos brasileiros que tanto lutaram pela causa do 'petróleo é nosso', se isso servir a seus desígnios demagógicos. Que se danem a Petrobrás, Lobato e companhia.
Só falta agora esse governo posar de principal responsável pela auto-suficiência.