| Panorama Econômico |
| O Globo |
| 12/5/2006 |
Uma pesquisa feita na Bolívia pela Ipsos Public Affairs do Brasil indicou que 81% dos bolivianos acham melhor o governo manter a interferência na Petrobras, mesmo que isso signifique vendas menores para o Brasil. Por outro lado, a empresa tem uma boa imagem lá: 43% têm uma visão positiva ou muito positiva dela e 65% acham que a Petrobras é muito importante para a Bolívia. O desafio da empresa agora será usar essa imagem a seu favor. A decisão de Morales conta com um apoio enorme da população. Há nuances, mas são poucas as variações de acordo com escolarização ou região do país. Mesmo entre os entrevistados com grau universitário, 81% são a favor do ato. Quem vive em áreas onde há negócios da Petrobras tem uma visão mais positiva da empresa, porém, até mesmo estes mantêm a idéia de que a interferência é o melhor caminho. Segundo a análise da Ipsos, os dados indicam que as políticas de Morales têm sustentabilidade de médio prazo. Esse grande apoio só teria chances de mudar se ocorresse um aumento do desemprego e os bolivianos atrelassem isso à interferência na Petrobras. De fato, o desemprego é apontado como o maior problema no país, mas 48% dos entrevistados acham que a intervenção do governo não fará com que os empregos diminuam. O caso da Petrobras é exemplar pois mostra os riscos de se atuar num país instável. Muitas empresas no Brasil estão bem atentas a esses riscos, embora não gostem muito de comentar o assunto. Temem que, ao falar demais, acabem provocando atritos com os governos dos países onde têm investimentos. Nestes tempos na América Latina, isso pode ser fatal para o negócio. Esta semana, num debate no Iuperj sobre a Bolívia, Vale e Odebrecht estiveram presentes. Lá estavam ouvindo o que a academia tinha para dizer. A empreiteira é velha conhecedora de regiões instáveis, como África e Oriente Médio, até com guerra civil no currículo. Assim, dizem não se assustar com essas mudanças aqui por perto. As empreiteiras brasileiras em geral têm grande experiência no exterior. — É muito diferente fazer prestação de serviço e fazer investimento. Na prestação, se não é uma guerra, você não entra em risco — diz o diretor Roberto Dias. Para garantir o pagamento, a cobrança é feita conforme a obra anda. Em muitos lugares, conta o diretor, a única lei forte é a "do fio do bigode", ou seja, a palavra. Assim, quando se trata de um país com histórico de desrespeito a contratos, o melhor é diminuir a exposição na época de mudança política. Neste momento, a Odebrecht está esperando "a poeira baixar" na Bolívia para começar a construção de uma rodovia no país. Estão com obras no Panamá e na República Dominicana. Nestes lugares, como é da natureza do seu negócio, usam mão-de-obra local e procuram estreitar laços com os habitantes. Apenas em casos mais graves, como os de guerra civil, recorrem a seguros. Mas quando se trata de investidores que vão para ficar, o risco aumenta. A Petrobras investiu US$ 1,5 bilhão na Bolívia e não sabe o que acontecerá; a Repsol investiu US$ 1 bilhão. A francesa Total e a italiana Eni tinham importantes investimentos na Venezuela e tiveram suas subsidiárias confiscadas pelo governo de Hugo Chávez. O risco tem aumentado em alguns países, mas os medidores de risco-país não têm registrado isso. Em alguns casos, aliás, o índice nunca esteve tão baixo. Com muito dinheiro circulando na economia global, a tendência tem sido de queda do risco soberano. Depois da expropriação na Bolívia, Ollanta Humala, candidato que venceu o primeiro turno das eleições no Peru, animou-se: anunciou que, se eleito, tomará a mesma decisão de Morales. Humala está em segundo nas intenções de voto. Grandes companhias brasileiras, como Vale, Votorantim e Natura, têm negócios no Peru. A Votorantim Metais está no país desde 2004, quando comprou uma metalúrgica para processamento de zinco. No ano passado, continuou a se expandir por lá; adquiriu 25% de uma mineradora. Juntos, estes investimentos chegam a US$ 300 milhões. Para a mineração, a América Latina é um excelente negócio: Cuba tem 35% do níquel mundial; o Chile tem as maiores reservas de cobre; a Venezuela tem petróleo, gás e carvão. Isso além de boas reservas de bauxita, potássio e vários outros minerais. Assim, a Vale do Rio Doce tem um grande interesse na região. Na Venezuela, tem acordos com duas estatais para iniciar estudos de viabilidade de extração de carvão. Por enquanto, eles continuam apenas no papel. No Peru, tem uma mina de fosfato e deve começar a construir um porto; a obra ainda está em fase de estudo, mas lá já foram investidos alguns milhões. O Grupo Gerdau também tem negócios na região: Colômbia, Argentina, Uruguai e Chile. Representando um outro setor, a Natura tem subsidiárias no Chile, há mais de 20 anos; na Argentina; no México e no Peru. Ainda este ano terá uma na Venezuela e, depois, na Colômbia. Na Bolívia, atua com um parceiro: — No Chile, na Argentina e no Peru, temos 38 mil consultoras, não é o investimento em indústria, mas é em pessoal. Estamos preocupados, sim, mas não mais do que estivemos sempre com a América Latina — afirmou o vice-presidente de Latino-América, Maurício Bellora. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, maio 12, 2006
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