Entrevista:O Estado inteligente

sábado, abril 01, 2006

ANTÔNIO GOIS Primeiro de Abril

FOLHA
RIO DE JANEIRO - Nunca um Dia da Mentira caiu tão bem no calendário político brasileiro como o deste ano. A semana que se encerra hoje foi farta de "comemorações" que lembram a data.
A maior delas foi a queda de Palocci. O ex-ministro tentou sustentar até o fim a tese de que nada sabia sobre a quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa. Mas ele sabia, como mostrou o depoimento do até então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, à Polícia Federal.
O ex-presidente da Caixa, por sua vez, também deu sua contribuição ao Dia da Mentira. Foi ele quem entregou a Palocci o extrato do caseiro. Quando questionado sobre o tempo das investigações para descobrir os responsáveis, no entanto, disse que era preciso esperar 15 dias para concluí-las. Era mentira, como ficou claro na própria confissão de Mattoso dias depois.
Mas a festa da mentira foi bastante democrática. No domingo, o repórter Frederico Vasconcellos mostrou que o governo Alckmin direcionou recursos de publicidade da Nossa Caixa para favorecer políticos aliados na Assembléia Legislativa.
No mesmo dia em que o governador negou favorecimento a políticos, uma equipe da TV Globo flagrou, em inauguração da prefeitura tucana de São Paulo, um jornal de bairro cheio de elogios de deputados governistas a Alckmin. No meio de anúncios do comércio local, lá estava uma baita propaganda do governo do Estado.
Dizem que as origens do Dia da Mentira remontam a 1564, quando o rei Carlos 9º, da França, determinou que o ano deveria começar em primeiro de janeiro, e não mais em primeiro de abril. Aqueles que continuavam a acreditar que o ano começava em abril eram considerados tolos e viravam alvos de gozação.
Hoje, os tolos somos nós. Duro é perceber que fazemos esse papel nos 365 dias do ano, e não apenas no Primeiro de Abril.

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